Emedebista se torna réu devido ao caso do assessor flagrado com mala de dinheiro
Com prisão preventiva revogada por uma liminar concedida na segunda-feira (25), o ex-presidente Michel Temer não tardou a voltar ao noticiário político-policial.
Na quinta (28), o emedebista tornou-se réu, por decisão da Justiça Federal em Brasília, sob a acusação de corrupção passiva no famigerado episódio em que um ex-assessor seu foi flagrado em poder de uma mala contendo R$ 500 mil entregues pela empresa JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Apenas um dia depois, Temer foi denunciado pelo Ministério Público do Rio em investigação de desvio de recursos relacionados à obra da usina nuclear Angra 3 —o mesmo caso que o levara para atrás das grades em 21 de março.
Havia motivos de sobra para questionar a prisão preventiva, medida que se toma em caso de risco à ordem pública ou à apuração criminal, e mais ainda, as dimensões do aparato policial mobilizado para levá-la a cabo. Entretanto são gravíssimas as suspeitas que pesam sobre o ex-presidente.
São acachapantes, em particular, as evidências colhidas acerca do meio milhão em dinheiro vivo que um homem de confiança de Temer, Rodrigo Rocha Loures, carregava em 28 de abril de 2017.
Semanas antes ocorrera a infame conversa entre o então mandatário e Joesley Batista, gravada por este. Ali, Loures foi apontado como interlocutor para assuntos de confiança da JBS no governo.
É verdade que, na época, a Procuradoria-Geral errou ao fechar um acordo de delação por demais generoso com os Batistas, além de precipitar-se em interpretações frágeis sobre o conteúdo do áudio, parecendo por vezes movida pelo desejo de enfrentamento político.
De todo modo, resta indesmentível que um auxiliar indicado pelo próprio Temer recebeu dinheiro para o qual não se concebe finalidade diferente de propina. Para esta Folha, o flagrante justificava a aceitação de denúncia pela Câmara dos Deputados e o afastamento do presidente para investigações.
Não foi o que ocorreu, como se sabe. No entanto o episódio manchou de modo indelével o que, até ali, se afigurava como um mandato de realizações importantes, especialmente na agenda econômica, em curto espaço de tempo.
Enterraram-se com ele as chances de aprovação de uma reforma da Previdência que, provavelmente, permitiria algum desafogo do Orçamento e uma recuperação menos vagarosa da renda nacional.
O esforço para evitar um julgamento pelo Supremo Tribunal Federal mobilizou o Palácio do Planalto e consumiu o capital político de Temer. Espera-se agora que os fatos sejam examinados com a devida presteza a partir da primeira instância da Justiça.
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