A sagacidade de Jair Bolsonaro nem sempre é reconhecida pela oposição. Um equívoco grave, a meu juízo. O homem é um animal político, ainda que truculento.
Pois
o Capitão sabe se reinventar, a partir de uma leitura aguçada da conjuntura. A
notícia dada pelo site O Antagonista de que ele estaria trabalhando com a
possibilidade de a atual Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, compor uma
chapa com ele em 2022 é mais um elemento que comprova isso.
Mulher,
representante do agronegócio - o setor hoje mais dinâmico da economia
brasileira -, originária do Mato Grosso do Sul e filiada ao DEM. As credenciais
se encaixam como uma luva nos projetos do Capitão: Tereza Cristina vai disputar
no terreno de Luiz Henrique Mandetta, ele próprio membro do DEM e ex-deputado
federal com votação em Campo Grande.
De
outra parte, há um evidente movimento de bastidores que pode desembocar na
absolvição de Lula. O alvo aqui seria duplo: atingiria Sergio Moro e, de
quebra, recolocaria Lula da Silva como adversário de Bolsonaro dentro de dois
anos. Ou seja, escolheria seu oponente.
Jogada
extremamente sagaz, sem dúvida. Como se contrapor a tudo isso? A única saída
que antevejo seria unir o Campo Democrático, equidistante tanto do populismo de
direita quanto do populismo dito de esquerda. Um primeiro passo poderia ser uma
união semelhante àquela que se verificou em torno de Eduardo Campos, em 2014.
Mesmo assim, será preciso avançar um pouco mais e negociar - desde o primeiro
turno, de preferência - com os setores mais conservadores do Campo Democrático.
Entre os partidos progressistas, teríamos o PSB, o Cidadania 23, a Rede, o PV.
Eu não descartaria partes do PDT, do PSDB e do PCdoB tampouco. Personalidades?
Vamos lá: Flávio Dino, Luciano Huck, Denise Frossard, Joaquim Barbosa, Marina
Silva. Pelo lado mais conservador do Campo Democrático, teríamos figuras como
Rodrigo Maia e Luiz Henrique Mandetta. Novos nomes seriam sempre
bem-vindos.
A
ideia é montar uma Frente Ampla que não se limite a atuar quando o fascismo
ronda.
Uma Frente Ampla para governar de fato, com um programa econômico e social que possa abrigar as mais diferentes sensibilidades políticas do Campo Democrático, dos conservadores aos progressistas. Hoje o embate se dá entre a Civilização e a Barbárie. Quem encarnou isso em um passado recente entre nós foi o Presidente Itamar Franco.
*Ivan
Alves Filho, historiador, autor de mais de uma dezena de obras, das quais a
última é A saída pela Democracia
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