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Aversão ao sistema bancário
Em outubro de 2016, como foi que o senador Flávio Bolsonaro pagou a
prestação no valor de R$ 16.564,81 da compra de um imóvel no bairro das
Laranjeiras, na zona sul do Rio? Na verdade, quem pagou por ele foi Diego Sodré
de Castro, cabo da Polícia Militar, então investigado por oferecer serviços
ilegais de segurança. Flávio o reembolsou com dinheiro em espécie.
E em 2018, como foi que Flávio pagou R$ 86.000 pela compra de 12 salas
comerciais no Barra Prime Officer, no Rio? Em dinheiro vivo. Dinheiro tomado
emprestado do pai e de um dos seus irmãos que ele não diz qual – se Carlos,
vereador, ou Eduardo, deputado federal. Foi também em dinheiro vivo que
Fabrício Queiroz pagou despesas pessoais de Flávio e da mulher dele.
O uso de dinheiro vivo é uma das marcas da família que prefere ignorar o
sistema bancário brasileiro. Rogéria, a primeira mulher de Jair Bolsonaro, mãe
de Flávio, Carlos e Eduardo, comprou em 1999 um apartamento no zona norte do
Rio por R$ 95 mil, o equivalente, hoje, a R$ 621,5 mil. Pagou com dinheiro
vivo. O casal separou-se entre 1997 e 1998. Rogéria saiu muito machucada.
Com o apoio do então marido, ela se elegeu e se reelegeu vereadora
no Rio. Candidata ao terceiro mandato, foi derrotada por Carlos, então com
apenas 17 anos, lançado pelo pai. Flávio recusou-se a disputar contra a própria
mãe. Junto com a segunda mulher, Ana Cristina Valle, Bolsonaro comprou 14
imóveis no Rio avaliados, hoje, em R$ 5,3 milhões. Como pagou? Parte em
dinheiro vivo.
O caso mais recente de operação financeira dos Bolsonaro que se tornou
público não envolveu dinheiro em espécie, mas cheques. Entre 2011 e 2016,
Queiroz depositou 21 cheques na conta de Michelle, a primeira-dama, no valor
total de R$ 72 mil. Na mesma época, Marcia Aguiar, mulher de Queiroz, depositou
mais seis cheques no valor total de R$ 17 mil.
Quando algo errado é feito errado, não importa se em cheque ou em
dinheiro vivo, acaba dando errado – pelo menos às vezes.
Um presidente fora da lei
Bolsonaro, outra vez sem máscara
Não basta ao presidente Jair Bolsonaro desrespeitar leis. De tanto
fazê-lo, as pessoas parecem que deixaram de ligar para isso. E muitas até o
imitam. Afinal, se ele procede assim impunemente, por que elas não? E daí? Vida
que segue.
Agora, é o próprio Bolsonaro que posta vídeos em suas contas nas redes
sociais onde se exibe violando leis mais uma vez. A última dele foi mostrar-se,
ontem à noite, em uma via pública de Brasília comendo churrasquinho comprado a
um vendedor ambulante.
Sem máscara, novamente. E cercado por apoiadores que se aglomeraram para
tirar fotos. Tal comportamento contraria decreto em vigor no Distrito Federal
que obriga o uso de máscaras em todos os espaços públicos, sob pena de multa de
R$ 2 mil.
Em junho último, Bolsonaro já fora advertido a respeito pelo juiz
federal Renato Borelli, da 9ª Vara Cível do Distrito Federal: “O presidente
possui obrigação constitucional de observar as leis, bem como de promover o bem
geral da população”.
Bolsonaro ignorou a advertência. E, além do vídeo, escreveu que no Brasil são 38 milhões de trabalhadores informais. “Volta ao trabalho, o melhor remédio”, aconselhou no dia em que o país registrou mais 721 mortes e 20.730 novos casos do Covid-19.
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