A
estatística oficial para o intervalo de agosto de 2019 a julho de 2020,
fornecida pelo sistema Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), só fica pronta em novembro. Dados preliminares, entretanto, indicam salto de 34% no
corte raso.
A alta veio
apontada por outro sistema de monitoramento por satélite do Inpe, o Deter, um
pouco menos preciso e muito mais ágil (surgiu para orientar em tempo real a
fiscalização pelo Ibama). Nesses 12 meses, o Deter emitiu alertas para
desmatamento em áreas totalizando 9.173 km², ante 6.838 km² no período
precedente.
Operando com
resolução mais fraca, o Deter capta a cada ano não mais que 60% da destruição
amazônica recenseada pelo Prodes. Dada a diferença, infere-se que a cifra anual
acabará fixada em torno de 13 mil km², a maior dos últimos 14 anos e cerca de
3.000 km² acima do apurado em 2018/19.
Mourão, contudo, vê motivo para comemorar. Agarrou-se ao fato de julho ter apresentado a primeira queda em 14 meses nos dados do Deter e enxergou o início de um suposta reversão na tendência de alta. É uma precipitação.
Não há como
congratular-se, como se fora já resultado de incursões das Forças Armadas na
operação Verde Brasil 2. Derrubou-se tanta mata, em maio e junho, que os
devastadores começaram cedo a incendiar madeira e resíduos já ressecados sobre
o solo.
Basta dizer
que as queimadas no bioma amazônico subiram 28% em julho, com 119,9 mil focos
flagrados por satélites. No mesmo mês do ano passado, haviam sido 93,3 mil.
Isso com os incêndios intencionais proibidos pelo governo.
Para piorar
seu papel no combate à devastação, Mourão arriscou-se a apontar defeito nos
sistemas por satélite do Inpe. Segundo disse o militar ao jornal O Estado de S.
Paulo, não seriam os melhores, por empregar sensores ópticos, que podem ser
atrapalhados por nuvens, e não radares em drones.
O general
recorre ao expediente de insultar o mensageiro. Se almeja tirar o monitoramento
da excelência de três décadas do Inpe, só contribuirá para manchar a reputação
de seu estamento e alienar ainda mais investidores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário