- O Estado de S.Paulo
Candidatos em SP estão todos no mesmo barco do amplo desgaste e baixa credibilidade
A mais prudente, equilibrada e consistente das apostas para a eleição municipal de São Paulo não arrisca um vencedor. Nem um nem dois, admitindo-se como provável o segundo turno. Mesmo com a nitidez da pesquisa Estadão/Ibope, publicada domingo, a demonstrar a força eleitoral de cada um.
São dois
grupos, um à frente, na faixa de 6% a 24%, e outro bem atrás, entre 1% e 2% da
preferência. O que se apresenta, portanto, é um quadro de amplas
possibilidades. Tudo pode acontecer nos próximos 55 dias de campanha.
Inclusive, nada. Não será surpresa se prevalecer o instantâneo deste momento.
Bruno Covas (PSDB) conta com apoio da maioria à sua administração e tem obras e programas sociais como provas de suas promessas de campanha. O eleitorado guarda dele uma imagem de dedicação à cidade, por haver se mantido no comando enquanto se submetia a um duro tratamento de quimioterapia. É seu o maior tempo para propaganda na TV e conseguiu uma coligação que reúne o apoio de dois grandes partidos, MDB e DEM.
Márcio França (PSB)
ficou com uma fatia significativa da esquerda, desde o PDT aos
sindicatos, e soma os efeitos residuais de sua passagem pelo governo. Ninguém
lhe tira a condição de principal candidatura anti-Doria, seu último adversário de campanha, ainda na
memória. É este o papel que vai encarnar, com vontade.
Embora na vala
comum dos que marcaram 1% nesta largada, o PT deve
reagir. A expectativa é de crescimento, depois que as pesquisas sobre a chance
da candidatura Lula em
2022 forçaram a união interna e a reacomodação dos grupos.
O
candidato Jilmar Tatto,
vencedor de uma prévia sangrenta, uniu-se ao adversário Carlos Zarattini, reunindo o PT orgânico num gesto
que pode ter estancado a debandada para a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL).
Tem a chance, ainda, de representar opção para as esquerdas e a oposição, mesmo
que perca para Boulos seus ideólogos da academia e das artes.
O candidato do
PSOL terá de disputar a esquerda e a oposição com PSB e PT, mas, ao contrário
destes partidos, terá a chance de explorar a impostura da antipolítica, a mais
desmoralizada das bandeiras eleitorais brasileiras.
Trunfo que
precisará dividir também com Celso Russomanno (Republicanos). O último a
aparecer, o novo-antigo, o mais frustrado dos sempre favoritos. Russomanno
sofre ambiguidades que transformam sua candidatura numa incógnita. Tem a
vantagem e a desvantagem de ter o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Com rejeição profunda, ainda não se
sabe a extensão desse efeito, mas tem a mão presidencial a aliança com o PTB,
forte em São Paulo.
Estão todos no
mesmo barco da baixa credibilidade, do amplo desgaste e do profundo
desconhecimento dos efeitos da pandemia sobre o humor do eleitorado. Que pode
deixar para decidir na última semana. Neste caso, sempre sobra para o menos
rejeitado.
Sem máscara
Os
parlamentares se renderam e estão engolindo a seco, empurrada pelo líder
Ricardo Barros, a obsessão de Paulo Guedes por recriar um imposto tão injusto
quanto de fácil arrecadação: a CPMF.
Justiceiro
errático, Bolsonaro cunhou o lema de campanha “não tirar dos pobres para dar
aos paupérrimos”, mas com o novo imposto vai tirar de todos: paupérrimos,
pobres, remediados, assalariados, bolsistas emergenciais, aposentados e quem
mais tiver contas a pagar. Para manter privilégios de empresários, banqueiros,
detentores de grandes fortunas e outros mágicos exímios em escapar das garfadas
do Fisco.
Como a CPMF, o novo imposto será provisório até poder ser permanente. E se desmembrará da reforma tributária para andar sozinho, trocando a vida difícil pela vida fácil. Quem derrubou a CPMF precisa notar que está prestes a aceitar seu irmão gêmeo univitelino.
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