Esta semana, mais uma vez,
tivemos um conflito diplomático entre o Brasil e China, motivado por um tuite
desrespeitoso e irresponsável do Presidente da Comissão de Relações Exteriores
da Câmara seguida de resposta do embaixador da China.
Os países mais avançados
na introdução de tecnologia 5G são a Alemanha, China, Coreia do Sul, EUA e
Japão. Existem atualmente 40 operações comerciais de 5G em 16 países,
conduzidas por duas dezenas de operadoras.
O Brasil é um player de
peso no comércio global das tecnologias de informação e comunicações e nas
principais instâncias da governança cibernética. Somos, depois da China, Índia
e EUA, o quarto maior usuário global da Internet. Entre 2000 e 2017, o
percentual da população brasileira com acesso à Internet evoluiu de 3% para
67,5%.
A companhia chinesa Huawei é hoje a principal ofertante de serviços 5G, com preços de mercado mais vantajosos do que as outras duas concorrentes, Nokia e Ericsson. O governo dos EUA pressiona seus parceiros econômicos a não adquirir os produtos e serviços de 5G da Huawei, sob a argumentação de que eles trariam graves riscos securitários.
Países influentes nas
agendas econômica e securitária globais, como Alemanha, Coreia do Sul, França,
Índia e Reino Unido têm indicado, entretanto, intenção de não
desconsiderar a priori quaisquer das ofertas de 5G, inclusive da
Huawei, desde que atendidos os objetivos nacionais de desenvolvimento
tecnológico e critérios de segurança.
Contrariando essa
tendência, o Reino Unido e a Suécia reviram sua decisão recentemente e
colocaram impedimentos para a participação da Huawei em projetos de 5G.
Em junho de 2019 o
Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações divulgou a Estratégia Brasileira
de Redes de Quinta Geração. Em 31/10/2019, foi instaurado Grupo de Estudo sobre
a tecnologia 5G.
O principal objetivo do
grupo é subsidiar o Governo federal para a adoção de um ecossistema 5G que
atenda aos requisitos de maior cobertura nacional possível, prestação eficiente
de serviços, fomento à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico e segurança
das infraestruturas críticas e cadeias de produção.
A Anatel e o Gabinete de
Segurança Institucional (GSI) têm defendido o princípio de neutralidade
tecnológica. Em fevereiro de 2020, a Anatel aprovou proposta de edital de
leilão 5G.
O leilão deverá movimentar
R$ 20 bilhões em arrecadação e investimentos. Após sucessivos adiamentos, a
estimativa do Presidente da Anatel é a de que o leilão ocorra no primeiro
semestre de 2021.
Ideologizar e/ou politizar
essa decisão estratégica e seguir um dos lados em disputa, EUA ou China, e não
o interesse nacional é desservir ao Brasil.
*Raul Jungmann - ex-deputado federal, foi Ministro do Desenvolvimento Agrário e Ministro Extraordinário de Política Fundiária do governo FHC, Ministro da Defesa e Ministro Extraordinário da Segurança Pública do governo Michel Temer.
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