Enquanto
Jair Bolsonaro esperneia, o Supremo tenta proteger os brasileiros do
coronavírus e do desgoverno. Em outubro, o presidente disse que a Justiça não
poderia decidir “se você vai ou não tomar uma vacina”. Ontem a Corte ignorou a
bravata e autorizou estados e municípios a adotarem a imunização obrigatória.
Ao
contrário do que sugere a propaganda bolsonarista, ninguém será arrastado pelos
cabelos até o posto de vacinação. Mas quem se negar a entrar na fila poderá ser
impedido de frequentar escolas, comer em restaurantes ou usar o transporte
público.
“A
saúde coletiva não pode ser prejudicada por pessoas que deliberadamente se
recusam a ser vacinadas”, resumiu o ministro Ricardo Lewandowski. “A
Constituição não garante liberdade a uma pessoa para ela ser soberanamente
egoísta”, reforçou Cármen Lúcia.
O
ministro Alexandre de Moraes lembrou as mais de 180 mil mortes e disse que o
momento não permite “demagogia”, “hipocrisia”, “obscurantismo” e “ignorância”.
Faltou combinar com o capitão e seus aspones.
Em mais uma aglomeração no Planalto, o novo ministro do Turismo discursou contra as medidas de distanciamento social. Ele também defendeu a realização de festas de réveillon com até 300 pessoas “A gente tem que viver a vida, não dá para morrer por antecipação”, disse.
Entre
um disparate e outro, o sanfoneiro do Alvorada fez uma serenata de bajulação.
Sem corar, Gilson Machado afirmou que Bolsonaro está “recuperando a autoestima
de todo o povo”. “Aonde o senhor vai, o povo lhe aclama”, derramou-se, de olhos
postos no chefe.
No
segundo palanque do dia, o presidente retomou a cruzada contra a vacina. Ele
tentou assustar a claque com efeitos colaterais inexistentes, que fariam mulher
cultivar barba e homem falar fino. “Se você virar um jacaré, é problema de
você, pô”, pontificou.
Como
a ignorância é contagiosa, o capitão continua a engordar seu rebanho. No último
domingo, o Datafolha informou que cresceu de 9% para 22% a fatia de brasileiros
que não querem se imunizar contra o coronavírus. E 52% acham que Bolsonaro não
tem nenhuma culpa por tantas mortes no país.
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