Que
cidade ou estado do Brasil tem tantos ex-governantes efetivamente no xadrez
como o Rio?
Aqui
no Rio, modéstia à parte, votamos muito mal. Ano após ano, só elegemos
pilantras para o Governo do Estado, a Prefeitura, a Assembleia Legislativa, a
Câmara dos Vereadores. Temos fascinação por canalhas, caímos na conversa
deles, somos uns
bons otários. É verdade que, ao se apresentarem em busca do voto, eles
prometem acabar com a corrupção, resolver o problema da segurança,
salvar o Rio. E, como é isso que queremos, caímos de novo. Um dia, são levados
de camburão para a grade e só então descobrimos o rombo nas nossas finanças.
Marcelo Crivella, o pior prefeito da história da cidade, foi engaiolado ontem a nove dias do fim de seu mandato. Nunca é cedo demais para aplicar creolina no ralo. Vai se juntar aos ex-governadores Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, Wilson Witzel, Moreira Franco e o casal Garotinho e a uma corja de ex-secretários do estado e do município, membros dos tribunais de contas e demais nomeados por eles, todos despojados de seus mandatos e respondendo por assalto à coisa pública.
É
tanta gente implicada que, exceto por Sérgio Cabral, com direito a banho de
sol, já não sabemos qual está em Bangu, Realengo ou Benfica —não há presídio
que chegue—, em casa, de tornozeleira, ou de malas prontas, à espera da Polícia
Federal. Por causa disto, o resto do país nos despreza. Que outro estado ou
cidade tem tantos ex-governantes e políticos investigados, denunciados,
condenados —e efetivamente no xadrez?
Esta
é uma boa pergunta —mas deveria ser motivo de vergonha ou de orgulho? O Rio não
detém o monopólio da corrupção no Brasil. É apenas o que, mesmo à custa de sua imagem,
mais põe a cara para enfrentá-la.
Este
colunista se despede desde já de 2020 e promete estar de volta no dia 10 de
janeiro. Ou antes, em edição extraordinária, se alguém morder o cachorro.
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