No
país do “você sabe com quem está falando”...
O
que você entenderia se recebesse do Supremo Tribunal Federal um ofício pedindo
a reserva de vacinas para imunizar 7 mil servidores do tribunal e do Conselho
Nacional de Justiça?
Naturalmente,
que o tribunal pretendia que do total de vacinas a serem entregues ao
Ministério da Saúde para aplicação em massa nos brasileiros, 7 mil fossem
destinadas aos seus servidores.
Não
há outra leitura possível do ofício assinado por Edmundo Veras, diretor-geral
do tribunal, enviado à Fundação Oswaldo Cruz, fabricante da vacina
Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19.
Veras argumenta no ofício que a vacinação dos servidores representará “uma forma de contribuir com o país em momento tão crítico, pois ajudará a acelerar o processo de imunização”.
Segundo
o plano do Ministério da Saúde, primeiro serão vacinados trabalhadores da
saúde, idosos, pessoas com comorbidades, profissionais de segurança, indígenas
e quilombolas, por exemplo.
Se
houver idosos e pessoas com comorbidades entre os servidores do tribunal e do
Conselho Nacional de Justiça, eles serão contemplados. Indígenas e quilombolas
certamente não há.
“Nós
vacinaremos todos os brasileiros de forma igualitária, de forma proporcional ao
número de pessoas por Estado e de graça”, prometeu Eduardo Pazuello, general e
ministro da Saúde.
O
ofício era desnecessário. A não ser que ele quisesse sugerir o desejo dos
ministros do tribunal e dos servidores de serem vacinados em primeiro lugar ou
o mais rapidamente possível.
Veras
nega que teve essa intenção. Ofício semelhante também foi remetido à fundação
por Marcos Antonio Cavalcante, diretor-geral do Superior Tribunal de Justiça.
Que o justificou assim:
–
A intenção de compra de vacinas vem sendo manifestada por diversos órgãos
públicos que realizam campanhas de imunização entre seus funcionários.
Resposta da fundação a Cavalcante: “Infelizmente, a Fiocruz não possui autonomia nem mesmo para dedicar parte da produção da vacina para a imunização de seus servidores e colaboradores”.
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