Informação
é pedra no sapato de autoridades que têm algo a esconder ou querem extinguir
contestação
Quando
um governante decide dar um passeio fora dos limites da democracia, alguns de
seus primeiros alvos costumam
ser os tribunais e a imprensa. O autocrata tenta intimidar as cortes porque
sabe que juízes conseguem impor um freio imediato a medidas autoritárias. O
jornalismo não tem esse poder nas mãos, mas é um obstáculo diante de candidatos
a ditador.
Um
público bem informado é uma pedra no sapato para autoridades que têm algo a
esconder ou que precisam extinguir focos de contestação. Ditaduras não convivem
bem com uma imprensa livre porque a circulação de informações estimula o país a
discutir e decidir seus próprios rumos –algo que um tirano não consegue
suportar.
É normal que um político fique incomodado com o que lê nos jornais. Pode reclamar da postura crítica de um veículo, de uma reportagem que teve um peso maior do que ele gostaria ou até de uma informação errada. Ainda que jornalistas possam ficar contrariados, esse debate faz parte das regras democráticas. O problema ocorre quando as autoridades preferem jogar outro jogo.
O
mundo tem um punhado de populistas que se intitulam democratas, mas dizem que “o
certo é tirar de circulação” jornais que os deixam aborrecidos. Fazem
ataques virulentos à imprensa quase todos os dias e tentam classificar qualquer
informação desconfortável como falsa.
Governantes
dessa natureza usam a desinformação como arma política. De um lado, exploram o
peso da máquina dos governos para torpedear a credibilidade do jornalismo
profissional e reduzir o alcance de notícias verdadeiras. De outro, empunham o
megafone de seus cargos para espalhar mentiras e convencer o país dos maiores
absurdos ou apenas tumultuar o ambiente.
A imprensa livre ajuda a sustentar a democracia porque expõe investidas como essas e mostra que os fatos não se dobram aos desejos de qualquer autoridade do momento. Ao completar seu centenário, a Folha continua a encarar essa missão.
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