Operação
entra em declínio depois de influenciar corridas presidenciais e impeachment
Uma
semana após
deixar o Ministério da Justiça, Sergio Moro disparou nas pesquisas para
2022. O rompimento com Jair Bolsonaro rachou o eleitorado governista e
impulsionou o ex-juiz. Numa simulação de segundo turno feita no levantamento XP/Ipespe
do fim de abril, ele aparecia com 58% das intenções de voto, contra 24% do
antigo chefe.
O
ex-ministro já perdeu o bônus daquele divórcio. Fora dos holofotes de um cargo
público, desprovido de habilidade política, moído pelas tropas bolsonaristas e
desgastado pela corrosão da Lava Jato, Moro murchou. A última sondagem do mesmo
instituto mostra o ex-juiz numericamente à frente, mas em empate técnico com
Bolsonaro: 36% a 32%.
O lava-jatismo perdeu fôlego na arena política. Em 2014, os primeiros escândalos desvendados pela operação balançaram a corrida presidencial. Depois, a ação de seus integrantes deu combustível ao impeachment e moldou o tabuleiro eleitoral de 2018. No ano que vem, essa influência tende a ser limitada.
Na
pesquisa de abril do ano passado, três personagens estavam empatados na
simulação de primeiro turno: Bolsonaro aparecia com 20%, Lula tinha 19% e Moro
contava 18%. A trajetória recente do trio teve a marca da Lava Jato, mas a
história deve ser diferente na próxima disputa.
Depois
de se eleger sob o disfarce da luta contra a corrupção, Bolsonaro rasgou o
figurino da campanha. Ancorado na máquina do governo e numa base radical
desvinculada do lava-jatismo, ele aparece agora com 28% das intenções de voto.
Já
Sergio Moro foi abandonado
por uma fatia da direita e continua bloqueado na esquerda. Hoje, ele
tem 12% no primeiro turno. Se quiser voltar a campo pela centro-direita, o
ex-juiz encontrará um espaço congestionado, à espera de figuras como Luciano
Huck e João Doria.
Do outro lado, Lula depende de seu antagonismo com a Lava Jato. A principal jogada do petista é explorar o declínio da operação para reduzir seu desgaste político –como candidato ou como cabo eleitoral.
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