Está
preso o deputado federal que nada fez além do que manda, pensa e fala a família
Bolsonaro. Quando o marombado ex-PM Daniel Silveira quebrou a placa de
Marielle, estava “restaurando a ordem”, disse o senador Flávio Bolsonaro.
Quando o truculento Daniel Silveira exigiu a destituição dos 11 juízes ministros
do Supremo, ecoava o deputado Eduardo Bolsonaro, para quem “basta um soldado e
um cabo para fechar o STF, não precisa nem de um jipe”. A questão não é ‘se’
haverá uma ruptura com o Supremo, mas ‘quando’. Esse último
"flagrante" de Eduardo não faz um ano.
Quando o misógino Daniel Silveira se recusou a usar máscara, ofendendo uma policial civil “folgada pra c...alho”, imitava a família Bolsonaro. Imitava também a repugnante classe política que babou bacilos na posse de ministros, indiferente à morte de 250 mil brasileiros, ao agravamento recorde da Covid e ao colapso de hospitais. Bolsonaro era abraçado por puxa-sacos pegajosos, beijado por mulheres que queriam selfies. Era cercado por um batalhão de seguranças sem máscara. A porta de vidro de acesso à Câmara se estilhaçou com a passagem do cortejo brutamonte. Bolsonaro deu à luz os extremistas Daniel Silveira, Bia Kicis - e os 300 da Sara Giromini, que tentaram, com ameaças, tochas e granadas, incendiar a democracia.
Quando
o indisciplinado Daniel Silveira elogiou o AI-5 e atacou a imprensa, apenas
obedecia a seu ídolo, o capitão expulso do Exército e eleito presidente.
Bolsonaro insiste que, se pudesse, fecharia os jornais. Não suporta perguntas
sobre o senador das rachadinhas e dos milicianos Flávio Bolsonaro, hoje
blindado pela suspensão da quebra de sigilo bancário. E agora? O que vão fazer
com o Silveira, arraia-miúda do bolsonarismo de raiz? Tem de prender e
suspender para dar o exemplo. Que exemplo?
Ah,
sim, existe na Câmara Federal o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Ainda
bem. O Conselho vai botar moral agora. Um Conselho que decidiu não trabalhar
nem online durante toda a pandemia. Cambada de preguiçosos que nem se reuniram
virtualmente. O mandato do Conselho é de dois anos. Em março, seus integrantes
serão trocados, apesar de um ano de férias, e os novos analisarão os casos
clamorosos. O Conselho já deveria ter cassado ano passado a deputada Flordelis,
acusada com fartas provas de mandar matar o marido. Só agora o Conselho abriu
processo contra ela. Depois que ela foi afastada pelo Tribunal de Justiça do
Rio.
Daniel
Silveira obrigou a Câmara a reativar o Conselho de Ética por motivo nobre:
querem evitar prisão de coleguinhas com a PEC-a-jato da impunidade. O Congresso
teria “a custódia” de parlamentares indignos. Assassinos, corruptos, ladrões ou
apalpadores de seios. Um jogo de cena.
Quando
ouço que “as instituições estão funcionando no Brasil”, embatuco. Em todo lado,
enxergo escombros de um país que poderia ter sido mas não foi. O Conselho de
Ética, criado em 2001, define a conduta adequada de um parlamentar e lista as
punições, de censura verbal a suspensão ou perda do mandato. Bolsonaro pai foi
acusado, entre 2011 e 2016, de quebrar o decoro por apologia a crime de
tortura, ameaça de estupro, agressão a outro parlamentar e crime de racismo.
Todos os processos foram arquivados. Um decreto do presidente nos dá agora “o
direito” de ter seis armas em casa! A Câmara não acha abuso a falta de consulta
ao Legislativo.
Folha
corrida de Daniel Silveira? Ele é o bode expiatório que carrega os pecados dos
Bolsonaro. Foi para o paredão. Ainda bem que as instituições estão funcionando.
Me engana que eu gosto.
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