Presidente
continuará a fazer estragos enquanto estiver ali
No dia em
que o Brasil registrou 1.840 mortes em 24 horas, o presidente da República
começou a manhã com seu esporte favorito: dar
de ombros para a pandemia. “Criaram pânico, né? O problema está aí,
lamentamos. Mas você não pode viver em pânico”, disse a apoiadores, no Palácio
da Alvorada.
O
discurso é o
mesmo do início da crise do coronavírus. Em março do ano passado, em seu
primeiro pronunciamento na TV para falar da doença, Jair Bolsonaro disse que
não havia “motivo para pânico”. Nas semanas seguintes, vieram a “gripezinha”, o
“e daí?” e o “não sou coveiro”.
O Brasil descobriu cedo o tamanho do estrago que um presidente poderia fazer numa pandemia mortal. Desde o início, Bolsonaro incentivou aglomerações, fez campanhas de desobediência a medidas de proteção, divulgou informações falsas sobre a Covid-19, distribuiu remédios ineficazes contra a doença e atrapalhou a aquisição de vacinas.
Nada
mudou no curso da tragédia. O vírus se espalhou, e o país conheceu uma
nova onda de colapso dos sistemas de saúde, mas o presidente continuou o
mesmo. A diferença é que a atitude desumana e a incompetência absoluta dos
integrantes do governo tornaram o avanço da doença cada vez mais dramático.
O atraso
na imunização e a constante sabotagem às medidas de restrição implantadas nos
estados sufocaram as redes hospitalares e deixaram o ambiente livre para o
surgimento de variantes que podem ser ainda mais perigosas do que a versão
original do vírus.
Também
ficou mais perigosa a versão primitiva de Bolsonaro, que insiste em propagar
mentiras para desencorajar o uso de máscaras e investe contra governadores que
tentam amenizar o desastre.
Ninguém deveria esperar outro comportamento do presidente. Por 12 meses, autoridades aceitaram suas delinquências e se limitaram a corrigir seus erros ou obrigar o governo a cumprir suas funções. Foi pouco. Enquanto estiver ali, Bolsonaro continuará a fazer estragos.
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