A
redemocratização brasileira, cujo marco são as eleições de 1985, começou com o
fim do AI-5 e a luta pela anistia, em 1978 e 79, e as grandes greves daquele
período semearam novas ideias no movimento sindical.
Na
esteira daquelas transformações, a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora
(Conclat), em agosto de 1981, viu o movimento se dividir em diferentes
correntes, e o sonho de criar uma central única fragmentar-se entre radicais,
conservadores e demais sindicalistas que, insatisfeitos com a polarização,
almejavam uma central mais antenada com os novos tempos.
No
artigo “Centrais sindicais: histórico e constitucionalidade”, Nelson A. Jobim e
Rodrigo de Oliveira Kaufmann falam da criação das centrais como resultado de
“uma mentalidade inovadora” e citam o livro “Um projeto Para o Brasil” (1993)
como base da busca desse sindicalismo mais moderno.
Tal
livro sistematizava as propostas anunciadas pela incipiente Força Sindical em
seu congresso de fundação, no Memorial da América Latina, em São Paulo, perante
1.793 delegados sindicais, em 8 de março de 1991.
A central se firmou com a força dos diversos sindicatos e categorias que a definem e, mesmo naquele período de recessão e hiperinflação, cresceu sob o comando de direções comprometidas com a luta, encabeçadas por meus antecessores, Luiz Antonio de Medeiros e Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e da atual direção, de que sou presidente com muito orgulho.
Desde
a fundação, muitas vitórias se seguiram: foi pioneira na criação de secretarias
da Mulher, da Juventude, de Assuntos Raciais e do Meio Ambiente; conquistou
pagamento e correção do FGTS; aumento para os aposentados; acordo de aumento do
salário mínimo; intermediação de mão de obra; valorização do servidor público;
correção da tabela do IR; Dia do Trabalhador, que reúne milhões de pessoas; PLR,
entre outros. A Força também inaugurou as Marchas da Classe Trabalhadora, em
2004 e, sobretudo, sempre trabalhou pela unidade do movimento sindical.
Trinta
anos é um importante momento de reflexão. E é nesse estágio que nos
encontramos. Transformações profundas fizeram o Brasil avançar em muitos
aspectos e retroceder em tantos outros nesse período.
Vivemos,
desde meados de 2016, o avanço de uma pauta autoritária e retrógrada. E,
conforme a História registra, a primeira ação que marca uma política como essa é
o ataque aos sindicatos, como o que aconteceu em 2017, com a reforma
trabalhista. Isso mostra que a crise no movimento sindical é a própria crise da
democracia.
A
ideia — errada em nossa visão — de que os sindicatos e os direitos trabalhistas
perderam força, diante de uma realidade de fragmentação das contratações e do
advento de formas de trabalho mediadas pela tecnologia, esconde o fato de que a
grande massa de trabalhadores permanece como chave para a economia girar.
Trabalhadores que precisam de direitos. Direitos que fazem o Brasil crescer de
forma mais igualitária. Por isso, mais do que nunca, o papel das centrais
sindicais como articuladoras do conjunto dos trabalhadores, na defesa dos
interesses das diversas categorias, é fundamental.
Seguimos
firmes e fortes na luta que hoje se faz pelo auxílio emergencial, pela vacina
contra o coronavírus, pelo emprego decente e pela soberania nacional. Mesmo na
mais dura crise que o país atravessa desde o fim daqueles anos de chumbo, nossa
vocação como central cidadã, plural, que valoriza a boa vontade, a
criatividade, a história, e, sobretudo, os trabalhadores, cresce a cada dia.
*Presidente da Força Sindical
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