Ex-secretário
de Comunicação Social do governo Bolsonaro vai depor como suspeito de ter feito
lobby pela vacina da Pfizer
É
tal a irritação do general Luiz Eduardo Ramos, chefe da Casa Civil, com o
publicitário Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo, que a
ele só se refere como “idiota, imbecil”. Mesmo assim, quando de bom humor. De
mal então…
Ramos
não perdoa o ex-secretário por ter concedido uma barulhenta entrevista à VEJA
onde criticou o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, e quis parecer
mais importante do que foi no combate à pandemia da Covid-19.
O
comando da CPI que investiga os erros do governo está convencido de que
Wajngarten quis faturar alguns milhões de reais como lobista da vacina da
Pfizer. É justamente por isso que o convocou para depor nesta quarta-feira.
Poderá pedir a quebra dos seus sigilos bancário e telefônico para comprovar as denúncias que recebeu. De sua parte, Pazuello está certo de que o depoimento do ex-secretário servirá para complicar ainda mais sua situação, deixando o governo de fora.
Lula
volta a São Paulo preocupado com a fraqueza de Bolsonaro
O
ex-presidente aproveitou a visita a Brasília para dizer aos companheiros que é
preferível Bolsonaro na situação em que está a ele no chão
Lula
aproveitou a visita de três dias que fez a Brasília para manifestar a
interlocutores sua preocupação com o mau estado da saúde política do presidente
Jair Bolsonaro. Voltou a São Paulo com a certeza de que ela inspira cuidados,
inclusive da parte da oposição ao governo. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
A
oposição, PT na cabeça, deve continuar batendo em Bolsonaro, mas não a ponto de
inviabilizá-lo como adversário a ser batido nas eleições do ano que vem. O
senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid-19, sabe disso e
compartilha a opinião de Lula. Devagar com o andor para que o santo não caia.
Tem
lembrado Lula que Bolsonaro radicaliza o discurso sempre que se vê ameaçado, e
assim procede desde o início do governo. É para manter refém os bolsonaristas
de raiz. Acontece que isso não o salvou de perder o apoio de devotos que lhe
pareciam os mais confiáveis. E é aí que o bicho pode pegar a oposição.
A
ela não deve interessar que Bolsonaro se enfraqueça e corra o risco de ficar de
fora do segundo turno da eleição, dando passagem desde já a um nome, ou a mais
de um, do que se convencionou chamar de terceira via, um candidato capaz de
apresentar-se como alternativa a Bolsonaro e a Lula. Isso seria o pior dos
mundos.
Lula
está convencido de que tem lugar assegurado no segundo turno. Concordam com ele
Bolsonaro, seus ministros, e líderes de partidos fechados com o governo até
aqui. Mas Lula quer Bolsonaro no ringue para com ele trocar socos. Nada, pois,
de apeá-lo do poder. Melhor mantê-lo de pé, sangrando
A
opção pelo “deixa ele sangrar” foi escolha da oposição ao governo de Lula no
segundo semestre de 2015 quando estourou o escândalo do mensalão do PT – a
compra de votos de deputados para que aprovassem projetos despachados ao
Congresso pelo Palácio do Planalto. O tiro saiu pela culatra, matando a
oposição.
Era
o PSDB quem a comandava. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o
ex-ministro da Saúde José Serra e outras estrelas do partido concluíram que um
Lula vulnerável, a ter que se explicar, seria melhor do que um Lula vítima de
um processo de impeachment, ovelha golpeada pelas elites perversas.
Houve
um momento em que Lula quase se rendeu. Num sábado de porre na Granja do Torto,
uma das residências oficiais do presidente, Lula admitiu renunciar. Foi
demovido da ideia pelos companheiros – um deles José Dirceu, chefe da Casa
Civil, que estava em São Paulo e teve que voar às pressas a Brasília.
A
economia ia bem, obrigado. Lula aproveitou a trégua que a oposição lhe deu para
recuperar-se. No primeiro turno da eleição de 2016, derrotou Geraldo Alckmin
(PSDB) por uma margem pequena de votos. No segundo turno, Alckmin cometeu o
prodígio de ter menos votos do que no primeiro. Nunca se viu nada igual.
A economia, hoje, voa baixo como as galinhas. O desemprego está em alta. As reformas do Estado empacaram. A pandemia com quase meio milhão de mortos tão cedo sairá da memória dos brasileiros. Lula conta com tudo isso para vencer, mas também com Bolsonaro. Estará errado no seu cálculo? A ver.
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