A
fala do presidente sobre a China só tem como explicação uma mente
desequilibrada
O
deputado Fausto Pinato, do bloco de apoio ao Presidente, escreveu publicamente
que Bolsonaro sofre de grave doença mental. Segundo ele, não há outra
explicação para suas posições em relação à China.
De
fato, são gestos de insanidade, o presidente do Brasil, sem qualquer razão,
ofender e provocar a potência chinesa, que marcha para ter a maior economia do
mundo, com a maior população e alguns dos mais avançados setores em tecnologia.
Só isto bastaria para indicar sinais de insanidade.
Mais grave é que a China é o maior parceiro comercial do Brasil e o principal fornecedor de vacinas contra a covid. Basta o governo chinês se impacientar, para a economia brasileira sofrer um revés de tamanho catastrófico, e nossa situação sanitária sofrer consequências ainda mais graves. Se a China deixar de comprar nossa proteína vegetal e animal, a perda econômica não será apenas por alguns anos, poderá ser por décadas ou definitiva.
No
lugar de nos preparar para o momento em que isto poderá ocorrer em algum
momento no futuro, quando a China encontrar outras fontes de proteínas mais
próximas, o Presidente parece querer antecipar nossa debacle, simplesmente por
preconceito pessoal contra a China. Isto já é sinal do que o Deputado Pinato chama
de insanidade.
Mais
urgente ainda é provocar o corte do fornecimento de vacina contra o covid. A
única solução para barrar o número de mortos é a vacinação em massa e nosso
único caminho nos próximos meses é a vacina chinesa. Além de que dezenas de milhões
já tomaram a primeira dose e precisam da segunda vinda da China.
A
fala do presidente só tem como explicação uma mente desequilibrada. Como foi a
Rainha Maria I, vinda com D. João VI. Sofria de depressão, sentimento de vazio,
irritabilidade, isolamento, sentimento de culpa, ao ponto de ganhar o apelido
de Maria Louca. Mas não tinha qualquer participação no governo. Sua loucura era
um drama e um problema familiar, sem consequências para o país.
O
caso do presidente Bolsonaro é diferente. Suas manifestações de insanidade
representa uma ameaça de proporções catastróficas. Não seria problema maior se
seus distúrbios fossem invenções da oposição, como aliás alguna consideram quw
acontecia com a Rainha Maria. Mas seus gestos começam a ser reconhecidos e denunciados
por seus apoiadores.
E
sabemos que a China não é a única mania pertubadora do presidente. A análise de
seus discursos passa a impressão que ele tem surtos de delírios. Seria grave se
ele fosse apenas um mentiroso incorrigível, mas é pior: tudo indica que ele
acredita em seus delírios e vive rodeado de pessoas que acreditam no que ele
diz quando delira, acredita e tem pavor de medo dele.
Até
mesmo um general reconhece isto ao dizer que tomou vacina escondido, outro
general assustado diz que “quem pode manda, quem não pode obedece” e com isto
justifica usar o Ministério da Saúde para promover o uso de remédios
comprovadamente ineficazes. A paranoia é uma doença que contamina pelo medo e
que retroalimenta seu grupo. É isto que faz o Brasil atravessar um momento
perigoso.
Mas
este problema seria bem enfrentado se o Brasil assistisse uma aliança de
líderes sanos unidos para vencer as eleições de 2022 e colocar um governo pelo
menos lúcido. Não é isso que assistimos: em momento de risco, a divisão também
é uma loucura. Aparentemente temos um governo insano e uma oposição sem juízo.
*Cristovam Buarque foi senador, ministro e governador
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