Folha de S. Paulo
Às vezes, ocupados com nosso tempo,
esquecemos como já se escreveu bem no passado. Há dias (13/9), apresentei aqui
as frases
do crítico Agrippino Grieco (1888-1973)
e, para muitos, foi uma revelação. Empolgado, fui vasculhar outra admiração, o
jornalista, cronista e dramaturgo Alvaro Moreyra (1888-1964). Outro estilo e
sensibilidade, mesma magia e grandeza. Eis algumas de suas frases:
“O Brasil sempre veio de fora. Principiou em 1500 e não terminou ainda.” “As
cartas dos suicidas não levam selos.” “Esqueci o berço. Não esqueci o colo.” “O
céu é uma cidade de férias.” “Nascemos para a companhia. O amor é um canto
coral.” “Das estações, a que tem nome de mulher é a que revela a vida eterna: a
primavera.” “No sábado, muita gente vai para fora. Eu, em geral, vou para
dentro.”
“Sou contra o equilíbrio. Acho que a gente deve cair para poder levantar-se.”
“Não nasci para chefe. Chefe manda. Eu peço. Peço que não me mandem.” “Um amigo
que morre é um amigo que nunca se perde.” “Um corpo nu é a realidade. Um corpo
coberto é a imaginação. Esconder a nudez —eis uma ideia do Diabo.” “Falar é
despedir-se. Estas palavras não voltarão.”
“Cada um carrega o seu deserto.” “Que biblioteca, a velhice!” “Ninguém é. Todos
parecem. Somos tantos quanto os que nos vêem, inclusive cada um de nós quando
se olha.” Em seu 11º dia de prisão, em 1939, numa cela com outros opositores de
Getulio Vargas: “Hoje entrou um espelho aqui. Foi uma alegria: o cubículo se
encheu de caras conhecidas”.
“É um pássaro pousado, quieto, na ponta de um ramo. De repente, abre as asas,
atira-se no espaço, voa. É outro pássaro.” “Na evolução do corpo, a macaca fica
sempre esquecida. É uma injustiça contra ela e contra a mulher. A macaca foi
uma grande avó.” “O burro é um perdão ambulante.” “De todas as artes, a vida
ainda é a mais inteligente.” “A vida é a fila da morte. Nada de cara amuada na
fila!” “Boa piada, a vida...”
Nenhum comentário:
Postar um comentário