quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Mariliz Pereira Jorge - A civilidade vence Bolsonaro

Folha de S. Paulo

É bom não esquecer que, se dependesse dele, ainda estaríamos sem vacina

Há cerca de duas semanas não é mais obrigatório o uso de máscara em espaços abertos no Rio de Janeiro. A capital fluminense foi a primeira a flexibilizar a restrição, em 26 de outubro, seguida pelo estado, que publicou decreto no dia seguinte. Para minha surpresa, a maioria continua mascarada ao perambular pela cidade, ao menos nos bairros em que estive.

O uso de álcool segue sendo estimulado pelos funcionários em bares, restaurantes e no comércio em geral. No último sábado, precisei mostrar meu passaporte da vacina para participar de uma feijoada com roda de samba nos jardins de uma casa. A pandemia não acabou, está apenas diferente.

E o comportamento responsável ou não neste momento é muito mais reflexo da consciência adquirida ao longo deste um ano e oito meses do que desta ou daquela proibição. Apesar do boicote capitaneado pelo presidente contra as medidas sanitárias adotadas por governos municipais e estaduais, o que temos testemunhado é uma vitória da civilidade contra a barbárie. Bolsonaro perdeu.

O rastro é de terra arrasada. As mortes são 610 mil. Mas, ao contrário de tudo o que ele pregou, o que prevaleceu foi a ciência, o bom senso, as responsabilidades individuais e coletivas. Continuaremos a ver excessos e negacionismo. Mas a vacinação, como poderíamos esperar de um país com tal tradição, é um sucesso. Cidades começam a registrar dias sem óbitos causados pela Covid-19, que já não é mais a principal manchete diária nos jornais. Por causa da imunização, deixamos de ser párias para o resto do mundo, que abrem suas portas aos brasileiros.

É um alívio que as boas notícias cheguem e que o cotidiano comece a ser tomado por atividades que ficaram proibidas pelo medo da morte que a pandemia nos trouxe. Mas é bom que não nos esqueçamos jamais: se dependesse de Jair Bolsonaro, estaríamos sem vacina, ainda mergulhados em caos e mais mortes.

 

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