Folha de S. Paulo
É bom não esquecer que, se dependesse dele,
ainda estaríamos sem vacina
Há cerca de duas semanas não é mais
obrigatório o uso de máscara em
espaços abertos no Rio de Janeiro. A capital fluminense foi a
primeira a flexibilizar a restrição, em 26 de outubro, seguida pelo estado, que
publicou decreto no dia seguinte. Para minha surpresa, a maioria continua
mascarada ao perambular pela cidade, ao menos nos bairros em que estive.
O uso de álcool segue sendo estimulado
pelos funcionários em bares, restaurantes e no comércio em geral. No último
sábado, precisei mostrar meu passaporte da vacina para participar de uma
feijoada com roda de samba nos jardins de uma casa. A pandemia não acabou, está
apenas diferente.
E o comportamento responsável ou não neste momento é muito mais reflexo da consciência adquirida ao longo deste um ano e oito meses do que desta ou daquela proibição. Apesar do boicote capitaneado pelo presidente contra as medidas sanitárias adotadas por governos municipais e estaduais, o que temos testemunhado é uma vitória da civilidade contra a barbárie. Bolsonaro perdeu.
O rastro é de terra arrasada. As mortes são
610 mil. Mas, ao contrário de tudo o que ele pregou, o que
prevaleceu foi a ciência, o bom senso, as responsabilidades individuais e
coletivas. Continuaremos a ver excessos e negacionismo. Mas a vacinação, como
poderíamos esperar de um país com tal tradição, é um sucesso. Cidades começam a
registrar dias sem óbitos causados pela Covid-19, que já não é mais a principal
manchete diária nos jornais. Por causa da imunização, deixamos de ser párias
para o resto do mundo, que abrem suas portas aos brasileiros.
É um alívio que as boas notícias cheguem e
que o cotidiano comece a ser tomado por atividades que ficaram proibidas pelo
medo da morte que a pandemia nos trouxe. Mas é bom que não nos esqueçamos
jamais: se dependesse de Jair Bolsonaro, estaríamos sem vacina, ainda mergulhados
em caos e mais mortes.
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