Folha de S. Paulo
No mercado futuro, presidente ainda é
favorito para preservar uma vaga na disputa com Lula
A virada do ano desenha um grid de largada
mais ou menos estável para a eleição presidencial: Lula ocupa uma faixa de 40%
das intenções de voto, Jair Bolsonaro tem o apoio de 25% dos eleitores, e 5% a
10% devem ir às urnas para votar em branco ou nulo. Nesse início de corrida,
há poucos pontos
de ultrapassagem à vista para outros candidatos.
Até aqui, Lula e Bolsonaro têm posições sólidas (ambos são citados espontaneamente como favoritos por uma larga fatia dos eleitores). Isso significa que Sergio Moro, João Doria e Ciro Gomes disputam espaços relativamente estreitos para tomar o segundo lugar do presidente.
Moro apareceu com dois dígitos em pesquisas
feitas após o lançamento de sua pré-candidatura, o que alimentou a percepção de
que ele seria o nome mais competitivo do grupo. O problema: para superar
Bolsonaro, o ex-juiz precisa de parte dos eleitores do presidente –que preferem
continuar ao lado do original até que Moro mostre se é capaz de bater Lula no
segundo turno.
O potencial de crescimento de Moro ainda
esbarra numa imagem contraditória captada pelos eleitores. O ex-juiz tenta
aparecer como novidade, mas tem uma figura política ao mesmo tempo marcada pela
falta de experiência e desgastada
por sua passagem pelo governo.
Já Doria pretende usar a seu favor o
portfólio do governo paulista. O tucano, no entanto, parte de um patamar pouco
favorável no estado, com avaliação positiva de apenas um em cada quatro
eleitores. Além disso, ele pode enfrentar a mesma dificuldade que sepultou
Geraldo Alckmin em 2018. Patinando nas pesquisas, o ex-governador
cristalizou a impressão de que não tinha chances na disputa, o que empurrou
potenciais eleitores para Bolsonaro.
Ciro Gomes, por sua vez, conta com o recall
de seu nome e com o fato de capturar eleitores que não votam em Moro ou Doria.
Ainda assim, precisa de
votos da direita para passar Bolsonaro –e está no fim da fila.
No mercado futuro, o presidente ainda é
favorito para chegar ao segundo turno. O Auxílio Brasil e um esperado refluxo
na inflação podem ajudá-lo a preservar seus índices ou até recuperar pontos nas
pesquisas. Salvo algum tropeço, essa vaga só muda de mãos se, às vésperas da
eleição, Bolsonaro se mostrar incapaz de vencer Lula.
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