Eles
têm 40% a mais de chance de morrer devido à Covid que as mulheres
Já
vi gente séria defendendo que se priorize a
vacinação contra a Covid-19 de pretos, pardos, moradores de favelas. No caso de
indígenas aldeados e quilombolas, os dois grupos foram incluídos na lista de
preferências do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Talvez
tenha sido um lapso de atenção meu, mas não vi uma única voz propondo dar
preferência vacinal aos homens, muito embora pertencer ao gênero masculino seja
um dos mais conhecidos fatores de risco para a Covid-19. Uma metanálise
envolvendo mais de 3 milhões de pacientes em todo o mundo publicada na Nature
mostrou que homens têm risco quase três vezes maior do que mulheres de parar
numa UTI. A chance de eles morrerem é 40% maior que a delas.
Boa
parte da maior fragilidade masculina se explica pelo fato de homens terem em
geral pior saúde do que mulheres, acumulando mais comorbidades como hipertensão
e cardiopatias variadas. Mas não é só. Ao que tudo indica, há também diferenças
no sistema imune que tornam o homem mais suscetível a infecções.
Meu ponto é que, apesar de haver em princípio razões médicas a recomendar a priorização de homens numa campanha de vacinação, por razões sociológicas, ninguém ousa fazê-lo. Parece haver um custo reputacional em defender um estamento que passou a ser visto como o opressor.
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