Folha de S. Paulo
Tudo há de ser considerado agravante no dia
em que forem julgados
Sim, eu sei, o responsável maior por tudo
isso é Bolsonaro. Mas quero falar desses dois pelo que fizeram nos últimos
dias, com suas notas "técnicas" que são decretos de morte, com seu
palavrório "técnico" homicida.
Ao semear confusão proposital
sobre as vacinas, os dois abutres sopram o hálito
da morte, desestimulam as pessoas a dispor do melhor recurso de proteção
neste momento, receber uma injeção no braço, ato corriqueiro até outro dia.
Como nas facções criminosas, os dois abutres competem em vilania para desfrutar das graças do chefe. Agem por motivo torpe, cruel, fútil, sem dar possibilidade de defesa às vítimas. Seus alvos são crianças! Muitas delas talvez já sejam órfãs de pai, mãe ou de ambos, mortos pela Covid. Crianças que poderão ter sequelas da doença. Crianças já tão sacrificadas em dois anos de prejuízos no aprendizado.
Queiroga é médico. Damares é capaz de
perseguir uma criança
grávida em decorrência de um estupro. Aves de mau agouro, rondaram a
família de uma criança com doença no coração, como urubu que sobrevoa a
carniça. Tudo isso há de ser considerado agravante no dia em que forem
julgados. Esse dia há de chegar.
Fico a imaginar o êxtase dos abutres com a
explosão da ômicron e as UTIs pediátricas lotadas, o gozo com a abertura de
novos sepulcros. Estamos aprisionados nessa demência desenfreada, numa soma
interminável de pesadelos e loucura impiedosa, soterrados por um colapso ético.
Como explicar, agora e no futuro, o
fracasso das instituições em proteger a sociedade e em deter a ação criminosa
dos dois abutres em ostensiva violação da Constituição e do Estatuto da Criança
e do Adolescente? Quantas pessoas estão morrendo no exato momento em que você
lê este texto? Quantas ainda vão morrer? Seu pai, sua mãe, seu filho? A memória
desses horrores vai vibrar nas nossas consciências murchas e, talvez,
envergonhadas por muito tempo.
Um comentário:
Bolsonaro só atraiu abutres para o seu ministério,é a lei de afinidade.
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