O conceito de cidadão supõe a busca da
igualdade como norteadora de todas as dimensões públicas da vida social. É
preciso garantir direitos básicos a todos e criar condições para que cada um
possa usufruir o máximo possível de sua cidadania. Trata-se de uma ideia com
múltiplos pais: republicanos, liberais, democratas, socialistas,
social-democratas e ecologistas. Há consensos e nuances nas visões desses
grupos, mas todos concordam que a reprodução cotidiana da desigualdade na
esfera pública é um mal a ser combatido.
O bolsonarismo é inimigo da ideia de
igualdade cidadã. Sua proposta é de manter a desigualdade prévia de cada um, a
partir da qual, ilusoriamente, se poderia exercer uma liberdade quase
irrestrita, com exceção dos limites impostos pelo exercício do poder do líder
maior, o mito - isto é, o presidente da República.
Na via inversa, o igualitarismo democrático
é uma construção contínua de direitos e capacidades, o que exige uma ação
efetiva do Estado e, concomitantemente, o seu controle. Bolsonaro propõe
exatamente o contrário: que o governo seja frágil nas políticas que criam
oportunidades e a possibilidade do exercício da cidadania, ao passo que o
aparato estatal deve ser forte na garantia das desigualdades prévias e no
exercício do poder repressivo, tornando-o incontrolável pela sociedade."
*Fernando Abrucio, doutor em ciência
política pela USP e professor da Fundação Getulio Vargas. ‘O Estado não é
inimigo da cidadania’. Valor Econômico / Eu & Fim de Semana, 3/6/22
Um comentário:
Bolsonaro está se lixando pra desigualdade social.
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