O Estado de S. Paulo.
Os problemas são novos e maiores e não serão resolvidos com soluções velhas e eleitoreiras
A campanha da chapa Lula-Alckmin incluiu no
programa de governo a volta do Bolsa Família num modelo “turbinado”, mas a
proposta não encontra consenso nem mesmo entre os pesquisadores e os gestores
da área social ligados aos partidos que apoiam a candidatura.
Alertas têm sido disparados para a
coordenação do programa, que prometeu a volta do Bolsa com mais famílias e
manutenção do piso de R$ 600 do Auxílio Brasil. Numa lógica de que recuperar o
legado do ex-presidente Lula, que criou o programa há quase 20 anos, seria
suficiente.
Para os críticos da proposta, não basta retornar ao modelo do antigo programa num cenário que hoje é muito diferente, após o impacto da pandemia e do choque de alta dos preços com a guerra na Ucrânia sobre a população mais pobre. O Bolsa Família tinha problemas e filas. Não seria nem mesmo solução do ponto de vista eleitoral.
Assustou a pesquisa Poderdata, realizada de
3 a 5 de julho e publicada pelo site Poder 360, que mostra que 37% dos
eleitores que receberam algum pagamento do Auxílio Brasil no mês anterior têm a
intenção de votar no presidente no 1.º turno. O porcentual subiu nove pontos em
comparação à rodada anterior da pesquisa, de 19 a 21 de junho.
Crítico histórico do Bolsa Família,
Bolsonaro deixou a oposição de mãos atadas ao propor a elevação do piso do
Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, o mesmo valor do auxílio emergencial,
além de mais dinheiro para zerar as filas. Um problema que estava desgastando
politicamente a campanha do presidente para a reeleição. Bolsonaro não desistiu
nem mesmo de dobrar o benefício para mães solo “em determinadas” situações.
A campanha dele conta também com o
lançamento dos novos cartões, que passarão a ter a função de débito e
permitirão às famílias contrair crédito consignado.
O plano eleitoral do presidente sempre foi
o de dar o auxílio de R$ 600, valor que garantiu aumento da sua popularidade na
época do auxílio emergencial. Recuperar essa memória do auxílio emergencial é a
estratégia, enquanto o PT tenta recuperar o Bolsa Família.
O Brasil de 2023, pós-eleição, vai precisar
de um programa social de transferência de renda robusto, bem focalizado e com
uma resposta eficaz para resolver o problema da extrema pobreza e da fome. Em
especial, dos mais vulneráveis. Não será com um Auxílio Brasil maldesenhado nem
com um “velho novo” Bolsa Família. Será preciso muito mais do que isso para
diminuir a pobreza. Os problemas são novos e maiores e não serão resolvidos com
soluções velhas, e muito menos eleitoreiras. É o que as pessoas do mundo real
estão dizendo e vivendo.
3 comentários:
Lula e Bolsonaro se equivalem na demagogia, com a diferença que Lula sempre defendeu e implantou programas de transferência de renda, enquanto Bolsonaro sempre foi contra e criticou tais políticas. Como Bolsonaro é mentiroso em tempo integral, agora tem cara de pau pra mudar totalmente seu discurso e esperar que os eleitores não lembrem do seu passado podre e criminoso.
Sei Bolso.ganhar essa eleicao ele vai reclamar? Gostaria de ver como fica.
Tem gente que faz comentário difícil de entender.
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