Folha de S. Paulo
Possível vitória apertad
Quem está ansioso com o resultado da
eleição deve continuar assim até a noite do domingo 2 de outubro. A indefinição
ou um resultado apertado aumentam o risco de tumulto político ou de golpes
baixos. Tomar cuidado com a segurança do eleitor e da apuração é tarefa ainda
mais séria.
A quantidade de abstenções e de votos válidos
pode pesar mais do que as inconstâncias do eleitorado na última hora. A julgar
pelos dados do
Datafolha desta quinta-feira, ondas de abstenção ali ou aqui, entre
os mais pobres em particular, podem ter peso terminal. É o que indica o
histórico do número de votos válidos/inválidos e de abstenção. Mais sobre estes
números mais adiante, neste texto.
Sim, se pode especular que muita decisão relevante é tomada nessa última hora, embora esta seja uma eleição de decisões mais precoces, a julgar pelas declarações do eleitorado. Mais de 18% dos eleitores dizem que ainda podem mudar o voto. De resto, haverá ainda 8 dias de campanha e 1 de "reflexão", o sábado. Mas, se todos os eleitores ainda não totalmente decididos mudassem o voto para sua segunda escolha, ainda assim a eleição continuaria indefinida (sempre pelos números do Datafolha desta quinta-feira).
Lula da Silva (PT) tem agora perto de 50%
dos votos válidos. Uma vitória no primeiro turno está, pois, no campo da
pilhéria do cálculo das probabilidades, como diria Manuel Bandeira (o poeta,
sim). Isso na pesquisa. Quando se considera a realidade das votações, o
Imponderável da Silva e até o Sobrenatural de Almeida podem ter influência
maior.
Tome-se, por exemplo, o possível número de
votos válidos (aqueles que contam para o resultado da eleição:
descontados brancos e nulos).
Desde a eleição de 2006, a média de votos
inválidos tem flutuado em torno de 8,9% do total dos eleitores que foram votar
(máximo de 9,6%, mínimo de 8,4%). Como uma decisão precoce da eleição está
sobre a linha do gol, é fácil perceber que até uma flutuação habitual do número
de votos inválidos pode decidir a parada, assim como a votação dos candidatos
mais nanicos
Por que desde 2006? É uma escolha
arbitrária. Desde essa eleição, a porcentagem de votos inválidos diminuiu e
passou a flutuar muito menos.
Quanto à fatia de abstenções, não se pode
dizer grande coisa. A série de número de eleitores aptos a votar não permite
comparações, pois os registros eram falhos por motivos vários e as correções
foram um tanto inconstantes.
Considerado apenas o número de eleitores em
IDADE de votar (maiores de 16 anos, mas não necessariamente legalmente aptos a
votar), parece que a abstenção aumenta um tico a cada ano, pelo menos desde
2006.
Além do mais, pode haver taxas de abstenção
variável por categoria do eleitorado. Especula-se que mais pobres, que são mais
lulistas, podem sair menos de casa para votar. Mas é especulação.
Os demais resultados da
pesquisa não ajudam a pensar de modo mais decisivo sobre
resultados. Em um segundo turno, Lula bateria Jair Bolsonaro (PL) por 54% a
38%, sem mudança relevante desde meados de agosto, assim como não mudaram os
índices de rejeição aos líderes da pesquisa.
Como é óbvio, a tensão grande não será
apenas pré-eleitoral. Um resultado apertado está mais sujeito à avacalhação
bolsonarista ou coisa pior. O aperto previsível pode incentivar comportamentos
bárbaros, que talvez não influenciem o resultado final, mas que envenenem ainda
mais a democracia ou causem tumulto. Alguém aí já imaginou que se pode deixar
eleitor sem transporte? Em campanhas atrozes de desinformação de última hora?
Em qualquer golpe baixo?
É claro que já imaginou. A isto chegamos.
3 comentários:
Verdade indesejável essa. Percebemos todos q o risco advém das quadrilhas bolsonaristas de homens de "bem" (aliás, bolsonarista e homem de bem é incompatível - pra começar, bozo como homen de bem é falso - já imaginaram um pastor puxar no culto o refrão "imbrochável?).
O risco não advém do lulista.
O anônimo tem razão: bolsonarista e homem de bem são antônimos! As quadrilhas bolsonaristas ameaçam todos os eleitores que não pensem como o Minto!
Golpe baixo,precisamos tomar cuidado.
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