quarta-feira, 12 de julho de 2023

Bruno Boghossian - A reforma do centrão

Folha de S. Paulo

Presidente lança bases de nova relação com o grupo, contrata maioria no Congresso e assume riscos

"Você tem que ter uma maioria, senão você se mata", resumiu Lula ao defender a abertura das portas do governo para o centrão. A decisão de ceder espaços generosos para o sindicato de Arthur Lira pode se tornar um lance político definidor do terceiro mandato do petista.

Lula gostou do que viu na Câmara na semana passada. Os deputados entregaram dois sonhos de consumo de qualquer governante: aprovaram uma mudança na Constituição que parecia inalcançável e destravaram a votação de um item considerado crucial pela equipe econômica.

O petista quer a tranquilidade do que foi apelidado de "supersemana" no restante de seu mandato. Ele deu sinal verde para uma minirreforma ministerial, lançou as bases de uma nova relação com o centrão e indicou que o governo está disposto a pagar um preço razoável pelo apoio —alojando o grupo em pastas ocupadas pelo PT e em postos considerados joias da coroa, como a Caixa.

O acerto pode levar para a órbita do governo PP e Republicanos (dois pilares bolsonaristas) e renovar o acordo com a União Brasil. A ideia é receber a adesão de blocos inteiros de cada partido, tornando a operação política do Planalto menos dependente de negociações no varejo.

O centrão promete aproximar o governo de uma base de 280 deputados, uma maioria consolidada. Outras dezenas de parlamentares votariam a favor do Planalto em alguns projetos —incluindo nomes do PL abastecidos pela máquina do governo e pelos novos ministros do centrão.

Articuladores de Lula não esperam apoio a propostas com carimbos nítidos da esquerda ou qualquer estripulia na economia. Os objetivos principais são ganhar estabilidade para tocar o dia a dia, aprovar projetos que aumentem a popularidade do petista e evitar que o centrão use as chamadas pautas-bomba para pressionar o Planalto.

A expansão do clube do governo também aumenta um risco de escândalos que já não é desprezível na configuração atual. O acordo será um teste para a política pós-Lava Jato.

 

2 comentários:

EdsonLuiz disse...

Quando um populista ganha, quem ganha é o Centrão.

Quando Bolsonaro ganha, quem ganha é Arthur Lira, Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco ; quando Lula ganha, é ao contrário e quem ganha é Rodrigo Pacheco, Davi Alcolumbre e Arthur Lira.

Você, que vota em um dos dois populistas, é para dar pider ao Centrão que você está votando.

Alguma dúvida?

ADEMAR AMANCIO disse...

Mais uma vez comparando o incomparável.