Folha de S. Paulo
Presidente aproveita ministras como ativos,
mas poderia evitar trombadas requentadas
Lula submeteu Simone Tebet e Marina Silva a
um novo par de testes. Primeiro, o presidente declarou que a
ministra do Planejamento sabia "há muito tempo" que Márcio
Pochmann comandaria o IBGE. Dias depois, o petista avisou que o veto do Ibama à
extração de petróleo na Foz do Amazonas pode ser revisto.
O diploma de vencedor da eleição dá muitos
poderes a um presidente. É dele a autoridade para escolher quem vai ocupar
cargos e definir ações do governo. Nessas tarefas, o chefe fatalmente vai
contrariar alguns ministros, mas requentar trombadas com auxiliares costuma ser
uma opção pouco produtiva.
Tebet tentava sinalizar que o atropelo que sofreu com a confirmação de Pochmann no IBGE era página virada. A certa altura, disse que acataria qualquer decisão de Lula e que, até o anúncio feito pelo Planalto, nem sabia que o economista havia sido escolhido pelo presidente.
Não era bem assim, mas a ministra tentou
marcar posição. Tebet sabia que Pochmann era o nome de Lula, mas quis deixar
claro que a escolha era só do chefe e que ela não havia participado do processo.
O petista fez questão de contestar essa versão.
Com Marina, o presidente tirou da geladeira
um embate sobre os planos da Petrobras na
chamada margem equatorial. Em maio, a ministra avisou que a decisão do Ibama
contra a perfuração não seria revertida. Na última quinta (3), porém, Lula
disse que os
estados da região amazônica "podem continuar sonhando".
A diferença de pensamentos com Lula é um
dos principais ativos políticos que Marina e Tebet levaram para o governo.
Abandonar o barco por causa daquelas duas divergências específicas, além de uma
especulação tola, seria uma contradição.
As duas reconhecem o peso simbólico que têm
para implantar compromissos que destoam do núcleo da plataforma petista. Sabem,
ainda, que todo ministro tem planos, mas quem manda é o chefe. Lula, por sua
vez, também deveria saber que, nesses casos, não precisa falar mais alto que
nenhum subordinado.
3 comentários:
Em relação a Tebet e Marina, temos que suportar nossa frustração.
Marina e Tebet, que nos seus desalentos nós tanto apoiamos, foram se entregar para o populismo rastaquera e corrupto de Lula.
Fazer o quê? Elas são livres para escolherem suas opções; nós, livres para fazermos o juízo que couber a quem outrora apoiamos nas desventuras!
Causa espanto lembrar que na campanha, durante debate na televisão, Lula tentou atrair Simone Tebet para ela associar Bolsonaro a corrupção. Simone, naquele debate e em resposta a Lula, associou Bolsonaro, mas na cara de Lula arrematou:: você também!
Não há que se avaliar como erro que Marina e Tebet tenham tido o entendimento de que deviam apoiar o populismo de Lula contra Bolsonaro, mesmo com Lula associado a extremistas do PT e articulado com regimes extremistas assassinos de todo o mundo (China, Venezuela, Rússia...). O extremismo manifestado por Bolsonaro leva muitos a entenderem que ele é um perigo maior para a democracia que o perigo representado por Lula e pelo PT e entorno.
Mas daí a Marina e Tebet se entregarem a servir no governo de um corrupto e a ficarem de abraços e beijos na boca e sendo humilhadas por Lula e pelo PT, em completo desprezo ao apoio que lhe demos, para nós significa a mesma coisa que elas servirem ao corrupto bolsonarismo e abraçarem e beijarem a boca de Bolsonaro.
E governo de gastança por governo de gastança, qual dos dois é o governo mais covarde com o povo e que gastam irresponsavelmente para parecerem eficientes e lustrarem a própria imagem, mesmo fodendo com o país?
Nós nos ligamos a Simone Tebet quando ela tinha 0,3% de votos e era uma desconhecida. De apoio, ela só tinha efetivamente o que vinha do Partido Cidadania23 e os nossos apoios avulsos. Em alguns meses ela alcançou 5%, mesmo não tendo lastro eleitoral no país. Os 5% que Simone teve vieram por mérito dela e pelo nosso apoio. Será que os 5% se repetem com ela agora sendo conhecida?
O meu apoio ela não tem mais. Nunca mais! Mas eu não a recrimino por ter recomendado voto em Lula contra Bolsonaro ; recrimino por ter ido servir a Lula e estar se submetendo a humilhaçôes depois de ter dito claramente e em debate ao vivo pela televisào que Lula é corrupto.
Pensei em comentar o artigo, lembrando que Brizola dissera: Se a mãe do sr. luiz ignácio da silva aparecer em seu caminho como obstáculo ele(lula) não teria dúvidas em pisar no pescoço de sua progenitora(dele, lula).
Mas o comentário do Sr. Edson Luiz foi tão categórico, tão lúcido que desisti.
Deixo aqui, todavia, meus cumprimentos pelo excelente comentário.
A esquerda brasileira é moralmente superior à direita,simples assim,parabéns à Marina e Simone.
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