Escolher bem prefeitos e vereadores é garantir um alicerce sólido para a entrega de qualidade e eficiência à população, nos diversos campos de intervenção do setor público. Em um país continental como o Brasil, a descentralização das políticas públicas é essencial para seu sucesso. Foi esse o caminho consagrado pela Constituição Federal de 1988 e pioneiramente adotado com sucesso pelo SUS, que tem no município seu centro de gravidade. Posteriormente, a assistência social e a segurança pública, perseguiram a mesma estratégia de descentralização das ações e integração federativa.
Com a experiência de quem já foi vereador,
secretário municipal e estadual, alto dirigente em dois ministérios, deputado
estadual e federal, compartilho minha esperança e expectativa de que as
eleições municipais sejam um momento privilegiado de democraticamente
discutirmos a vida em comunidade no espaço urbano e os principais desafios das
políticas públicas que têm no poder local seu lócus de formulação e execução
nas áreas de educação, saúde, assistência social, mobilidade urbana, transporte
coletivo, saneamento, habitação popular, limpeza urbana, infraestrutura e
planejamento urbanos.
Mesmo em segmentos que recaem mais sobre as
órbitas estadual e federal (segurança pública, comunicações, energia),
prefeitos e vereadores, como líderes políticos das comunidades locais, têm um
papel importante na mobilização e coordenação das ações.
Dois temores tenho em relação a vetores que
podem desfocar a discussão sobre o futuro das cidades, jogando fora uma
excelente oportunidade de debater os nossos problemas sociais.
Primeiro, a nacionalização da campanha, num
país radicalmente polarizado. Alerto sem medo de errar: o eleitor é sábio e não
vota em “padrinhos”. A transferência de votos é mínima. Quem tentar pendurar
sua campanha em grandes líderes nacionais, não colherá êxito. As eleições e o
exercício do poder no município têm baixa carga ideológica. Estaremos elegendo
prefeitos que devem ser líderes catalizadores das energias dispersas na
sociedade e gestores do cotidiano, gerentes para melhorar, no dia a dia, a qualidade
de vida da população, desde a inovação nas políticas públicas até a eficaz
atuação nisso que hoje se apelida zeladoria. Direita, esquerda, centro, são
conceitos ideológicos que fazem sentido quando se discute o modelo de Estado, a
organização da economia, política externa, etc. A proximidade com os usuários
dos serviços públicos dá uma concretude muito maior às ações do poder público
municipal e isso traz a discussão para um terreno mais concreto e objetivo.
Outro temor, é a eleição ser contaminada
pelas moderníssimas ferramentas tecnológicas como a inteligência artificial e
nos perdermos numa baixaria sem fim de fakenews, longe dos reais interesses da
sociedade.
Oxalá, as eleições cumpram sua verdadeira
função de poderosa alavanca a produzir o aprimoramento das ações das
prefeituras e a construção de cidades melhores para os que nelas
habitam.
*Economista e Professor. Ex-Deputado Federal pelo PSDB-MG. Secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais (2003-2010). Diretor-Executivo do IFI – Instituição Fiscal Independente do Senado.
Um comentário:
Neste texto, o autor desconsiderou a AGRICULTURA, que, como a saúde e a educação, deve integrar ações dos 3 níveis de governo.
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