Valor Econômico
Sua receita básica foi isolar candidatos percebidos como extremos e juntar várias forças, por vezes opostas entre si, em torno de um nome
Mais do que um partido ou uma ideologia, o
vencedor da eleição de 2024 foi um estilo de se fazer política. Foi
principalmente a vitória de um modelo capaz de construir uma geometria variável
de alianças em relação à grande diversidade política brasileira. Sua receita
básica foi isolar candidatos percebidos como extremos e juntar várias forças,
por vezes opostas entre si, em torno de um nome.
Parece simples, mas fazer isso em larga
escala, num país bastante heterogêneo e que sofre há alguns anos dos males da
polarização nacional, não é tarefa trivial. Lideranças importantes usaram essa
fórmula, mas o estrategista que mais a utilizou foi Gilberto Kassab, um mago da
política brasileira.
As lições do pleito municipal devem servir para pensar a política brasileira nos próximos dois anos. Por falta de um cálculo mais centrista, o bolsonarismo desperdiçou o crescimento que teve em importantes cidades do país porque preferiu marcar uma posição hegemonista e brigar com possíveis parceiros. Assim foi em Goiânia, Curitiba, Belo Horizonte e Manaus, para ficar em alguns casos paradigmáticos.