O Estado de S. Paulo
Grupo articula duas festas para marcar retorno de Dirceu, o que deve aumentar a polarização em 2026
José Dirceu, o ex-ministro e estrategista que
levou à aliança entre o PT e o PL em 2002, será candidato a deputado federal em
2026. É o que articulam fundadores do Partido dos Trabalhadores, advogados
ligados à sigla e integrantes do grupo que se autodenomina “geração de 68”.
Eles preparam duas grandes festas “para o Zé”, uma em Brasília e outra em São Paulo. A primeira no dia 11 de março e a outra no dia 15 para comemorar o aniversário de Dirceu, que completará 79 anos – ele nasceu em 16 de março de 1946. Cassado em 2005 na esteira do escândalo do mensalão, preso em 2013, após ser condenado pelo Supremo a 7 anos e 11 meses de prisão – ele cumpriu 354 dias na cadeia – e detido outras três vezes durante a Operação Lava Jato, que o condenara a 23 anos de prisão, o ex-ministro viu as ações contra ele serem anuladas pelo STF na esteira do movimento que levou à revisão de outras condenações, como as de Lula.
Em São Paulo, a festa para o Zé deve ocorrer
no galpão do Espaço Elza Soares, que tradicionalmente abriga eventos do MST. A
expectativa é reunir até 500 pessoas. Entre os seus organizadores estão os
ex-deputados Lucas Buzato e Adriano Diogo. O advogado e ex-deputado
Luiz Eduardo Greenhalgh é uma das lideranças
do PT que, ao lado do ex-presidente do partido José Genoino, foram convidadas
para o evento.
O grupo em torno do Zé acredita que a
presença de Dirceu na campanha de 2026 deve ajudar o partido a melhorar o
desempenho pífio no Estado – na eleição municipal a sigla elegeu apenas quatro
prefeitos –, pois o ex-ministro teria a capacidade de organizar a antiga
militância.
A aposta no retorno à política do homem que
passou por cima da esquerda do partido em nome da aliança com o empresário José
Alencar já se desenha desde o ano passado. Em seu aniversário, comemorado em
Brasília, Dirceu reuniu ministros petistas, o vice-presidente Geraldo Alckmin e
deputados como Arthur Lira (PP-AL) e Hugo Motta (Republicanos-PB), atual
presidente da Casa.
Por enquanto, no entorno de Dirceu, há quem
pregue discrição com o tema – há o temor de que as festas sejam vistas como
“campanha antecipada”. Mas o movimento de Ronaldo Caiado (União Brasil), ao
assumir a précandidatura à Presidência, ajudou a diminuir esse temor.
A candidatura de Dirceu em 2026 será a
renovação da aposta petista na polarização? É fato que as urnas mostraram em
2022 que quase a metade do País considerava Lula um político impróprio para a
Presidência. A direita o vê como sua nêmesis. Mas também é verdade que só um
petista desperta ainda mais antagonismo e rejeição. E ele se chama José Dirceu.
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