O Estado de S. Paulo
Quem cai no golpe da vaquinha? Os que votam em Flordelis, Brazão, Zambelli, Ramagem...
Após praticamente cinco meses de recesso,
recesso branco e feriadões reais ou por conveniência, eis que o Congresso
Nacional anuncia que vai começar a funcionar e a votar nesta semana pelo menos
duas pautas, regras mais claras e rígidas para impedir fraudes contra
aposentados e pensionistas e instalar “or not” instalar a CPMI do INSS.
É uma velha prática: quando o caldo entorna, a turma toda se une para dar uma resposta à sociedade, encenar que está muito empenhada em resolver o problema do momento e buscar holofotes... até o novo escândalo, quando começa tudo de novo. No Executivo, cria-se um grupo de trabalho que logo é esquecido. No Congresso, projetos engavetados surgem de repente nos plenários e também não dão em nada.
As mazelas são velhas, mas as bancadas
parecem “renovadas”, mas são apenas menos preparadas, menos políticas, menos
preocupadas em atender às reais e fundamentais demandas da população. Quem
acompanha a política e particularmente Brasília desde criancinha é capaz de
dizer: poucas vezes se viu um Congresso tão ruim, ou tão inútil. A coisa já
vinha feia de antes, mas explodiu em 2018, na onda bolsonarista da “nova
política”.
O corporativismo exacerbado leva a casos como
o de Flordelis, pastora, deputada desde 2019, denunciada pelo MP em 8/2020 por
manipular os filhos para matar o marido e só cassa da em 8/2021. Ou o de
Chiquinho Brazão, denunciado como mandante da morte de Marielle Franco, preso
em 3/2024 e só cassado em 4/2025, tempo em que, na cadeia, consumiu R$ 1,5
milhão de recursos públicos com salários e gabinete.
A mesma Câmara usa o deputado Alexandre
Ramagem para uma “anistia” forçada dos mandantes do atentado à democracia, mas
dá de ombros para a condenação de Carla Zambelli pelo STF a dez anos de prisão
e perda de mandato, por invasão da internet do CNJ. Por que? Porque quem manda
no Congresso é um aglomerado de bolsonaristas, Centrão e bancadas do boi, da
bala e da Bíblia. A bússola é Jair Bolsonaro, que abandonou Zambelli à própria
sorte.
Assim, as forças hegemônicas do Congresso não
veem as pautas do País e admitem o inadmissível, como um vídeo dizendo que
Bolsonaro ganhou R$ 17 milhões na internet, já consumiu R$ 8 milhões e precisa
de nova vaquinha! Para ele e para o filho que se licenciou da Câmara e foi para
os EUA tramar contra as instituições brasileiras, como fazia seu mentor Olavo
de Carvalho.
Quem cai num golpe tão abjeto? Os que votam
em Flordelis, Brazão, Zambelli, Ramagem, na primeira classe desse trem da
alegria que invadiu o Congresso para fazer tudo que seu mestre mandar e
engrossar o rebanho e as vaquinhas. •
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