Companhia confirma saída de três dos sete diretores. Paulo Roberto Costa,
ligado ao PP, é demitido por Graça Foster
Vivian Oswald, Cristiane Jungblut e Ramona Ordoñez
BRASÍLIA. A Petrobras confirmou ontem a saída de três dos sete diretores do
quadro: Paulo Roberto Costa, de Abastecimento; Renato Duque, de Engenharia; e
José Zelada, da área Internacional. Eles se despediram do comando da empresa na
reunião da diretoria pela manhã.
A saída de Duque e Zelada ocorreu a pedido de ambos. Mas Costa, indicado
pelo PP, saiu por decisão da presidente Graça Foster. Seu afastamento pegou o
partido de surpresa e provocou a ira da legenda, que está "em
revolução", segundo políticos ligados ao PP.
Mudanças foram definidas após consulta a Dilma
Com as mudanças, da gestão de José Sergio Gabrielli resta apenas o diretor
financeiro, Almir Barbassa. Segundo parlamentares com trânsito na empresa, a
nova presidente da Petrobras - à frente da estatal desde fevereiro - já
pretendia fazer as substituições logo que assumiu. As mudanças de agora foram
definidas por Graça depois de pelo menos dois encontros em Brasília, inclusive
com a presidente Dilma Rousseff.
O problema, na visão do PP, não estaria na demissão de Paulo Roberto Costa
propriamente dita, mas no fato de o partido ter tomado conhecimento da decisão
pelos jornais. Se o seu desligamento não era esperado pela legenda, dentro do
governo Costa já era considerado a "bola da vez" há algum tempo,
porque estaria "muito soltinho".
- O setor político indica e a administração demite. (O governo) não precisa
dar satisfação ou explicar os seus motivos. Mas tem que fazer com educação.
Saber pelos jornais é muito ruim - disse uma fonte ligada ao partido.
A dança das cadeiras da maior empresa do país e terceira maior companhia de
energia do mundo também causou alvoroço na cúpula do PMDB, que pretende ampliar
seu espaço na estatal, aproveitando esse momento em que o partido considera ter
o governo nas mãos, sobretudo depois de instalada a CPI do Cachoeira. O PMDB,
responsável pela indicação de Jorge Zelada, considera não apenas a
possibilidade de indicar o sucessor como também outro nome na cúpula da
Petrobras.
O partido está insatisfeito com o fato de a presidente pretender vetar o
texto do novo Código Florestal aprovado na Câmara e cogita uma compensação por
meio de mais espaço na estatal. Para não causar mais atritos com o PMDB, o
governo aceita conversar sobre o substituto de José Zelada da área internacional.
Mas a indicação terá que ser técnica, disse uma fonte com trânsito no Palácio
do Planalto.
O diretor de Serviços e Engenharia, Renato Duque, já havia avisado que
queria deixar o cargo. Sua saída vinha sendo negociada desde o ano passado.
Mas, a pedido do ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, concordou em
ficar até o fim de 2012. A presidente Dilma também teria pedido que o executivo
ficasse, mas com a saída dos demais diretores, Duque pediu para sair também.
Substituições nas mãos do ministro Lobão
As substituições estão sendo tratadas pelo ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão, que passou o dia de ontem no Rio. Os nomes dos novos diretores
são mantidos em sigilo, mas tudo indica que serão adotadas soluções internas,
com executivos da própria Petrobras. Lobão preferiu não comentar as mudanças.
Um executivo em cargo de diretoria da Petrobras recebe pelo menos R$ 1,12
milhão por ano. No ano passado, a remuneração máxima chegava a R$ 1,6 milhão
por ano, segundo documento enviado pela estatal à Comissão de Valores
Mobiliários (CVM).
Costa afirmou à Reuters ontem que estava deixando a estatal sem saber o
motivo da saída. A Petrobras informou, por meio de sua assessoria de imprensa,
que não iria comentar o assunto.
FONTE: O GLOBO
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