Parlamentares que integram CPI afirmam agora que o foco é Cachoeira, mas
Perillo continua na mira
Fernanda Krakovics, Maria Lima e Cristiane Jungblut
BRASÍLIA. Um dia após a reunião do ex-presidente Lula com a presidente Dilma
Rousseff, no Palácio da Alvorada, os integrantes do PT na CPI Mista do
Cachoeira se reuniram ontem para afinar o discurso e a estratégia de ação, já
de acordo com as orientações do governo. Agora, os petistas dizem que não
desejam politizar as investigações e querem restringi- la à organização do
bicheiro Carlinhos Cachoeira e sua infiltração no Estado.
No caso da Delta, a maior empreiteira do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), seria apurada só a relação da empresa com o contraventor.
Já desmascarar a "farsa" do mensalão, como pregou em vídeo o
presidente do PT, Rui Falcão, não é mais admitido em público como objetivo na
CPI. Na reunião, foram definidas quatro linhas de ação para impedir que a CPI
saia do controle.
— Primeiro: não vamos permitir que a CPI se transforme num palco de disputa
entre PT e PSDB, ou de oposição contra governo, em que cada um fique querendo
botar o pescoço do outro na guilhotina. Segundo: não vamos fazer o retrabalho
do que já foi feito pela Polícia Federal, só investigar o que ficou de fora.
Terceiro: não vamos permitir que a CPI se disperse em subrelatorias que virem
focos de divulgação de notícias oficiosas e tire o controle do relator. E, por último,
não há nenhum compromisso de livrar a cara de ninguém — explicou o senador
Humberto Costa (PT-PE).
— O PT quer controlar a CPI, mas não pode controlar os fatos — reagiu o
presidente e líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN).
Na reunião de deputados e senadores do PT que integram a CPI, líderes
petistas no Distrito Federal queriam discutir a blindagem do governador Agnelo
Queiroz (DF). O senador Walter Pinheiro (PT-BA) despachou o grupo, afirmando
que Agnelo tem que apresentar sua defesa à CPI e, no caso do partido, seu
interlocutor é Rui Falcão. Ao final da reunião, um dos participantes comentou a
situação de Agnelo: — Não vamos proteger nem empurrar ladeira abaixo.
Apesar do discurso público, os petistas vão tentar direcionar as investigações
para o governador tucano Marconi Perillo (GO) e o senador Demóstenes Torres
(sem partido-GO).
Mas, por enquanto, sem requerimentos direcionados a eles.
A mudança de comportamento do PT, pelo menos no discurso público, ocorreu
após a passagem de Lula por Brasília. Lula foi o principal incendiário da CPI
do Cachoeira, e o PT foi a reboque.
Isso, porém, desagradou a Dilma, que teme respingos em seu governo e uma
crise que pare as votações no Congresso.
O Palácio do Planalto negou ontem que a CPI Mista do Cachoeira tenha sido o
tema do encontro de Dilma com Lula.
Embora participantes da reunião tenham confirmado que o assunto foi
discutido, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
divulgou nota à imprensa, dizendo que "em momento algum, o tema Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito foi objeto das conversas" ocorridas no
encontro da presidente com Lula. Diz a nota que "a presidente lamenta as
versões em contrário divulgadas por veículos de imprensa".
FONTE: O GLOBO
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