Gravações mostram executivo sendo citado como "piloto" de projeto
de interesse do empresário
Nas escutas, Cachoeira diz que nome da Delta daria "peso" a
negócio de seu interesse; empresa não comenta
Breno Costa, Fernando Mello e Leandro Colon
BRASÍLIA - Os contatos do empresário Carlinhos Cachoeira dentro da empreiteira
Delta também envolviam, segundo a Polícia Federal, o diretor responsável pelos
negócios da empresa em São Paulo e na região Sul, Heraldo Puccini Neto.
Novas escutas telefônicas obtidas pela Folha mostram que o canal de
interlocução direta de Cachoeira com executivos da construtora não se limitava
a Cláudio Abreu, ex-diretor regional para o Centro-Oeste, com quem foi flagrado
em dezenas de ligações.
A Delta sempre negou relação com Cachoeira, circunscrevendo o episódio a
Abreu, que foi afastado do cargo.
As gravações, feitas pela Polícia Federal, mostram entretanto que Puccini
Neto também se relacionava com Cachoeira.
O executivo paulista está com mandado de prisão expedido pela por conta da
Operação Saint-Michel, deflagrada anteontem em decorrência da Operação Monte
Carlo, que prendeu Cachoeira.
"Doutor"
Em 16 de agosto de 2011, Heraldo liga para Cachoeira e, imediatamente, segundo
a PF, diz: "Tava precisando falar com você, cara".
Cachoeira já reconhece o dirigente da Delta: "Ô doutor Heraldo, tudo
bom?". Eles dizem então que continuariam a conversa pela internet.
Os grampos da PF indicam que dois meses antes, Cachoeira se encontrou
pessoalmente com Heraldo, Cláudio Abreu e Carlos Pacheco, diretor-executivo da
Delta afastado de suas funções nesta semana, em Goiânia.
O diálogo não deixa claro qual seria o assunto. Vinte dias depois, Cachoeira
conversa com seu assessor Gleyb Cruz e indica que Heraldo está pronto para
"pilotar" negócio no qual a Delta serviria de fachada.
Não fica claro qual é o negócio nem se ele foi concretizado. "Põe nós e
a Delta de sócio, tá? (...) Por o nome da Delta que tem peso", diz
Cachoeira em uma das gravações.
A empreiteira informou que não vai se pronunciar.
A defesa do empresário afirmou que não teve acesso aos áudios.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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