A história da velhinha brasileira barrada num aeroporto espanhol parece mal contada. As versões de cá, do Brasil, e de lá, da Espanha, são conflitantes.
Ela relata que viajava com uma neta, que se hospedaria com a filha e que passou três dias sem comer. A Espanha diz que ela não estava com neta nenhuma, que foi barrada porque a filha e o genro estavam ilegais no país e que ela se recusou a pegar o primeiro voo de volta, de graça, mas recebeu comida, sim.
Seja o que for, a história da velhinha "pegou" porque há vários outros relatos de excessos contra brasileiros nos aeroportos espanhóis. Isso é ruim para o viajante brasileiro, mas é péssimo para a Espanha.
O governo alega que são problemas muito pontuais, perdidos entre os milhares de brasileiros que entram sem problema, e justifica que é pressionado pela União Europeia para ser rigoroso, já que os aeroportos espanhóis estão entre as maiores portas de entrada de latino-americanos, em geral, e de brasileiros, em particular, na região.
Mas... a Espanha é um dos países mais atingidos pela crise europeia e precisa muito do turismo, que é um dos carros-chefes de sua economia: responde por cerca de 16% do PIB, quase um recorde mundial.
Logo, a Espanha tem de atrair, e não assustar turistas, e os brasileiros são os queridinhos do momento. Viajam muito e gastam muitíssimo, não é mesmo, EUA?
Não nos querem? Pois nós não queremos mais a Espanha, parecem dizer os brasucas, que têm optado mais por Portugal e pela Itália do que pela Espanha. Quem perde?
A partir de ontem, o Brasil começou a pagar na mesma moeda e retaliar em cima dos pobres turistas espanhóis, que vão voltar infelizes e contando histórias bem semelhantes à da velhinha brasileira.
Ou seja, os governos e seus agentes extrapolam e quem paga o pato são os cidadãos. Como sempre.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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