No quinto dia de greve, há informações de um trabalhador preso e dois atendidos por ingestão de gás de pimenta, usado por policiais
Fátima Lessa
CUIABÁ - Trabalhadores continuam parados nos canteiros de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída na Volta Grande do Rio Xingu, em Altamira, no Estado do Pará. Ontem, no quinto dia da greve que paralisou as obras, um trabalhador foi preso pela Polícia Militar e dois teriam sido atendidos no hospital da cidade, segundo Fábio Kanan, armador do Sítio Canais e Diques de Belo Monte, por causa da ingestão de gás usado por policiais.
Durante a ação, os policiais teriam usado spray com gás de pimenta. A coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, a advogada Antonia Melo, disse que pelo menos 12 trabalhadores estão ameaçados de demissão por causa das movimentações dos últimos cinco dias.
Para hoje, está prevista a realização de uma reunião entre representantes do governo federal, das empresas construtoras da usina e do sindicato da categoria, em Brasília. Nos canteiros de obras, os trabalhadores se mobilizam para realizar uma assembleia no Sítio Belo Monte. Estão de braços cruzados 8,3 mil trabalhadores.
Ontem o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pela obra, adiantou o pagamento dos salários, previsto para quinta-feira, dia 5. Cerca de 7 mil trabalhadores costumam receber o salário, em dinheiro vivo, em uma danceteria da cidade de Altamira. "O pagamento é entregue em envelopes de papel, colocando em risco os trabalhadores", contou Karan.
De acordo com as informações, três trabalhadores teriam sido assaltados ontem, logo após receber o pagamento. "No mês passado ocorreram 14 assaltos", disse.
Acidente. O movimento grevista dos trabalhadores começou na quarta-feira, 28 de abril, em um dos canteiros da obra, o Sítio Pimental, após um acidente de trabalho que matou um operador de motosserra. Na quinta-feira, a greve atingiu todos os canteiros de obras.
As reivindicações são as mesmas da greve ocorrida em novembro do ano passado: equiparação salarial, redução do intervalo da baixada (visita à família, quando são de outras regiões) de seis para três meses, melhorias na comida e na água, o fim do desvio de função, baixada para ajudantes de produção (cargo mais baixo na hierarquia da obra), capacitação para funcionários, plano de saúde, aumento do cartão alimentação (hoje, em cerca de R$ 90), aumento de salário, pagamento de horas extras aos sábados, transporte digno e o direito à baixada para os trabalhadores que decidirem, por conta própria, morar fora dos canteiros de obras.
As obras de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte estão distribuídas em cinco canteiros: Sítio Pimental, Sítio Belo Monte, Sítio Porto e Acessos a 27 quilômetros de Altamira e Sítio Canais e Diques.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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