Governador do Rio marca encontro com vice de Dilma para mostrar que apoia
que a mesma chapa nas eleções de 2014
Luciana Nunes Leal
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), será o anfitrião amanhã de um
almoço oferecido ao vice-presidente Michel Temer PMDB) e espera encerrar o
mal-estar causado pelo prefeito reeleito Eduardo Paes (PMDB), que lançou o
padrinho político candidato a vice da presidente Dilma Rousseff nas eleições
de 2014.
O vice-presidente fará campanha, ao lado de Cabral e Paes, nas quatro
cidades fluminenses onde o PMDB disputa o 2° turno: Petrópolis, Volta Redonda,
Duque de Caxias e Nova Iguaçu.
Procurados insistentemente por Cabral, Temer e outros líderes do PMDB
ouviram do governador que a disputa presidencial não está em seus planos, mas
não gostaram da "estratégia improvisada". Também o vice de Cabral,
Luiz Fernando Pezão, escolhido pelo governador para disputar o governo em 2014,
reforçou a iniciativa de Paes.
Os peemedebistas estão convencidos de que Pezão, Paes e Cabral combinaram
uma estratégia para forçar o PMDB nacional a prestigiar o governador do Rio.
Para os líderes do PMDB, Cabral queria aval do partido para garantir uma
vaga ministerial e assim fortalecer a candidatura de Pezão. O plano foi
considerado "atabalhoado" e "impróprio". "Em vez de
conquistar o PMDB nacional, eles escolheram o caminho do constrangimento",
reclama um dos líderes.
Convocado por Dilma, que encerrou a discussão sobre seu futuro vice, Temer
resolveu aceitar o convite de Cabral.
Guardanapos. Líder do PMDB na Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves (RN)
procura pôr fim à guerra, insuflada pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, que disse
que Cabral e aliados queriam instalar a "República dos
Guardanapos", em referência a fotos de correligionários de Cabral
durante uma festa em Paris. "Essa declaração do Paes foi um episódio que o
PMDB nacional não entendeu, mas o próprio Cabral encerrou o assunto", diz
Henrique Alves.
Entre os peemedebistas, a avaliação é que as declarações de Paes isolaram
ainda mais o PMDB do Rio. O prefeito e o governador são criticados por
desprezarem a convivência partidária. Além disso, Cabral está praticamente
sozinho na briga contra a aprovação das novas regras para distribuição dos
royalties do petróleo, que prejudicam os estados produtores.
A versão de Paes, Cabral e aliados difere das avaliações do comando do
PMDB. "Cabral é um quadro preparado para qualquer cargo, mas não foi
nenhum movimento articulado nem desrespeitoso ao Michel Temer. O prefeito
não cometeu nenhum crime, não entendi a reação grosseira de alguns quadros do
partido", diz o presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani. Paes recuou e
encerrou a semana dizendo que não levará a ideia adiante.
O futuro de Cabral continua incerto. Os peemedebistas do Rio defendem que
ele dê lugar a Pezão nos últimos meses do mandato e pleiteie uma vaga no
governo Dilma ou se candidate ao Senado. Aos líderes do PMDB, o governador
disse que pretende ficar no governo até o último dia.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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