segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Cabral oferece almoço para ‘selar paz’ com Michel Temer



Governador do Rio marca encontro com vice de Dilma para mostrar que apoia que a mesma chapa nas eleções de 2014

Luciana Nunes Leal

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), será o anfitrião amanhã de um almoço oferecido ao vice-presidente Michel Temer PMDB) e espera encerrar o mal-estar causado pelo prefeito reelei­to Eduardo Paes (PMDB), que lançou o padrinho político candi­dato a vice da presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014.

O vice-presidente fará campa­nha, ao lado de Cabral e Paes, nas quatro cidades fluminenses onde o PMDB disputa o 2° turno: Petrópolis, Volta Redonda, Duque de Caxias e Nova Iguaçu.

Procurados insistentemente por Cabral, Temer e outros líde­res do PMDB ouviram do governador que a disputa presidencial não está em seus planos, mas não gostaram da "estratégia improvisada". Também o vice de Cabral, Luiz Fernando Pezão, escolhido pelo governador para disputar o governo em 2014, re­forçou a iniciativa de Paes.

Os peemedebistas estão con­vencidos de que Pezão, Paes e Cabral combinaram uma estratégia para forçar o PMDB nacional a prestigiar o governador do Rio.

Para os líderes do PMDB, Ca­bral queria aval do partido para garantir uma vaga ministerial e assim fortalecer a candidatura de Pezão. O plano foi considera­do "atabalhoado" e "impró­prio". "Em vez de conquistar o PMDB nacional, eles escolhe­ram o caminho do constrangi­mento", reclama um dos líderes.

Convocado por Dilma, que en­cerrou a discussão sobre seu futuro vice, Temer resolveu aceitar o convite de Cabral.

Guardanapos. Líder do PMDB na Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves (RN) procura pôr fim à guerra, insuflada pe­lo ex-ministro Geddel Vieira Lima, que disse que Cabral e alia­dos queriam instalar a "Repúbli­ca dos Guardanapos", em refe­rência a fotos de correligioná­rios de Cabral durante uma festa em Paris. "Essa declaração do Paes foi um episódio que o PMDB nacional não entendeu, mas o próprio Cabral encerrou o assunto", diz Henrique Alves.

Entre os peemedebistas, a ava­liação é que as declarações de Paes isolaram ainda mais o PMDB do Rio. O prefeito e o go­vernador são criticados por desprezarem a convivência partidá­ria. Além disso, Cabral está prati­camente sozinho na briga contra a aprovação das novas regras pa­ra distribuição dos royalties do petróleo, que prejudicam os esta­dos produtores.

A versão de Paes, Cabral e alia­dos difere das avaliações do co­mando do PMDB. "Cabral é um quadro preparado para qualquer cargo, mas não foi nenhum movi­mento articulado nem desrespei­toso ao Michel Temer. O prefei­to não cometeu nenhum crime, não entendi a reação grosseira de alguns quadros do partido", diz o presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani. Paes recuou e encerrou a semana dizendo que não levará a ideia adiante.

O futuro de Cabral continua incerto. Os peemedebistas do Rio defendem que ele dê lugar a Pezão nos últimos meses do mandato e pleiteie uma vaga no governo Dilma ou se candidate ao Senado. Aos líderes do PMDB, o governador disse que pretende ficar no governo até o último dia.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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