O 2.° turno no Estado de São Paulo já evidencia uma queda de braço entre PT
e PSDB pela eleição de 2014, quando o governador tucano Geraldo Alckmin e a presidente
petista Dilma Rousseff tentarão se reeleger. O cenário mostra ainda que o PT
trabalhou para fortalecer aliança com o PSD, de Gilberto Kassab, hoje adversário
na eleição na capital.
No 1.° turno, o PSD ganhou o apoio dos petistas em 24 cidades pelo Estado.
Os tucanos apoiaram candidatos do PSD em 15 municípios. Das seis cidades do
interior nas quais o PSDB disputa o 2.° turno, em duas há apoio do PSD:
Franca, onde o partido praticamente não existe, e Sorocaba. A legenda de
Kassab apoia os petistas em três cidades no 2.° turno. Além disso, PT e PSD costuraram
parcerias estratégicas.
Estão juntos no único município em que o PSD disputa a eleição no domingo,
Ribeirão Preto, e na terceira maior cidade do Estado, Campinas. Em Ribeirão,
Kassab articulou com o presidente estadual do PT, Edinho Silva, o apoio a
prefeita Dárcy Vera.
A eleição de 2014 baliza as alianças em São Paulo. O PT colocou como
condição para apoiar outras candidaturas a construção de palanque para Dilma.
Do lado tucano, o governador articula diretamente o apoio a prefeitos que
são potenciais aliados em 2014. Recebeu o presidente do PDT, Carlos Lupi, no
último dia 10, para amarrar o apoio do partido em Campinas ao seu candidato,
Jonas Donizette (PSB). Naterça-feira, conversou com o candidato derrotado do
PSB em Franca, Marco Aurélio Ubiali. Conseguiu que a legenda apoiasse o
candidato tucano na cidade, Alexandre Ferreira, que tem como adversária a
candidata do PP, Delegada Graciela, apoiada pelos petistas.
As articulações entre PT e PSD pelo Estado já pavimentam uma aliança para
2014. Kassab tem hoje interlocução mais frequente com os petistas Edinho Silva,
e Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo, do que com a direção do PSDB
estadual, ligado a Alckmin. Com a força que sua legenda ganhou - além de ser
hoje a terceira maior bancada no Congresso, o PSD emplacou 494 prefeitos -,
Kassab está prestes a embarcar no governo federal. Seu partido terá um
ministério.
O prefeito ensaiou aliança com o PT no 1.° turno na cidade de São Paulo, mas
teve de abortar o plano com a entrada de Serra na disputa. Apesar disso, Kassab
atuou a favor dos petistas em outras praças importantes, como Belo Horizonte,
onde rompeu a aliança com o PSB para apoiar o PT, de Patrus Ananias.
A tendência é que o PSD caminhe com o PT na eleição para o governo estadual
em 2014. O Estado apurou que a sigla quer uma das três vagas majoritárias na
próxima eleição: governador, vice-governador ou senador.
A aliança entre as duas legendas, no entanto, depende do resultado das
urnas no domingo. Embora aliados de Kassab digam que o compromisso com Serra
era para 2012, a aproximação com o PT pode ser postergada, caso o tucano vença
as eleições. Fortalecido pela vitória, Serra trabalharia para manter o seu
grupo unido em torno de Alckmin - o governador e o prefeito não têm boa
relação política.
Urnas. No primeiro turno, caiu o número de cidades governadas pelo PSDB - de
204 para 173 - e de eleitores que votaram no partido. A legenda também perdeu
para o PT cidades importantes, como São José dos Campos, uma das mais sentidas
pelo governador. A vitória mais comemorada foi em São Carlos, governada pelo
PT. A sigla registrou placar mais favorável em cidades médias, como Sumaré e
Registro.
No 1.° turno, o PT ganhou mais quatro prefeituras, chegando a 64. Os
petistas avançaram em terreno governista, como em Presidente Prudente e
Bragança Paulista. Mantiveram Araçatuba e podem ganhar no 2.° turno no
"cinturão vermelho", ao redor da capital, com Diadema, Mauá, Santo
André e Guarulhos.
Com o objetivo de vencer em 2014 o PSDB, que governa o Estado desde 1995, o
PT buscou alianças com os adversários dos tucanos. Além de Ribeirão, onde o
PSDB tem como candidato Duarte Nogueira, o PT resolveu apoiar Renato Amary
(PMDB) em Sorocaba para fortalecer a aliança contra o tucano Antonio Carlos
Pannunzio.
No confronto direto em 161 cidades, o PSDB teve mais votos em 104. O PT se
saiu melhor em 57. "O PSDB saiu amplamente vitorioso. Deixou claro que a
sociedade prefere o partido", declarou César Gontijo, secretário-geral do
PSDB paulista. "A maior dificuldade do PT ainda é nas cidades pequenas,
onde o governo influencia mais a eleição", disse Edinho.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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