segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Longe do'novo' Lula defende o 'velho' no ABC


Contrariando o principal mote da campanha de Fernando Haddad, que prega a renovação em São Paulo, Lula fez ontem discurso contra "o novo" em Diadema (SP), cidade controlada pelo PT há 12 anos.

O ex-presidente disse em comício que é importante que "o povo não entre em uma aventura". "[Em 1989] o novo era Collor, e vocês sabem o que aconteceu neste país", afirmou.

Longe de Haddad, Lula ataca o "novo" e exalta "experiência"

Em Diadema, ex-presidente defende continuidade de grupo há 12 anos no poder

Na capital paulista, renovação é o mote do candidato petista, que pela primeira vez disputa uma eleição

Uirá Machado, Paulo Gama e Daniela Lima

SÃO PAULO - O ex-presidente Lula, que prega a eleição de Fernando Haddad (PT) como forma de renovar a política em São Paulo, fez ontem um discurso contra "o novo" em Diadema (SP), cidade controlada pelo PT há 12 anos.

No palanque de Mário Reali, candidato à reeleição, Lula disse que não se deve trocar "o certo pelo duvidoso" e que o país já apostou no "novo" em 1989, quando elegeu Fernando Collor, que sofreu um impeachment dois anos após a posse. O hoje senador é aliado do PT do Congresso.

Em Diadema, Reali disputa o segundo turno contra o vereador Lauro Michels (PV) que, assim como Haddad, disputa pela primeira vez uma eleição majoritária.

O "novo" é o principal mote da campanha de Haddad em São Paulo. Toda a propaganda petista do primeiro turno se desenvolveu sobre o slogan "um homem novo para um tempo novo".

Na primeira vez em que apareceu com Haddad em um programa de TV, o do apresentador Ratinho, Lula defendeu seu candidato dizendo que "a população votará no novo porque quer mudança".

Ele afirmou ainda que o adversário José Serra (PSDB) era "desgastado" e, em comício com Haddad em setembro, aconselhou o tucano a requerer a "aposentadoria".

Experiência

Já no discurso de ontem, Lula defendeu continuidade e disse mais de uma vez que "não ficaria feliz" se a população elegesse "alguém que não tem experiência".

"É importante que o povo não entre em uma aventura", afirmou o ex-presidente em seu discurso.

"[Em 1989], o novo era Collor, e vocês sabem o que aconteceu neste país. (...) Temos que votar em quem tem história. [Não podemos] Colocar [na prefeitura] alguém que nunca administrou nem a cozinha de casa", concluiu.

O ex-presidente arrematou o discurso dizendo que Diadema não deveria trocar "o certo pelo duvidoso". "Nós vimos o que aconteceu com a Carminha. Ela trocou o certo pelo duvidoso, e vocês viram o que deu nela", disse, citando a vilã da novela Avenida Brasil, da TV Globo.

No primeiro turno, Reali teve 47% dos votos válidos, contra 42% de Lauro Michels. De acordo com pesquisas eleitorais, o candidato do PV agora lidera as intenções de voto no segundo turno.

Semelhanças

O discurso que Lula usou na cidade da Grande São Paulo se assemelha ao que o PSDB de José Serra usa na capital para atacar Fernando Haddad.

Em São Paulo, a situação do candidato petista é inversa à de Diadema.

Serra teve 31% dos votos válidos no primeiro turno e Haddad 29%. Agora, o petista lidera as pesquisas de intenção de votos com vantagem de 17 pontos.

Nos últimos dias, a propaganda eleitoral tucana tem martelado que Haddad "não está preparado" para assumir a prefeitura e que Serra seria a melhor opção por ser mais "experiente".

Em discursos e entrevistas, Serra também tem atacado o slogan petista dizendo que "novo no Brasil é político ir pra cadeia", em referência ao julgamento do mensalão.

Ontem, o tucano voltou a falar sobre o tema da novidade. Ele costuma dizer que "inovação" é uma questão de ideias, não de idade.

"Essa questão do novo, aqui na cidade, é crucial. Muita gente diz: "Quero o novo". O novo é o quê? É o que nós trazemos para a cidade", afirmou.

Fonte: Folha de S. Paulo

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