Contrariando o
principal mote da campanha de Fernando Haddad, que prega a renovação em São
Paulo, Lula fez ontem discurso contra "o novo" em Diadema (SP),
cidade controlada pelo PT há 12 anos.
O ex-presidente disse
em comício que é importante que "o povo não entre em uma aventura".
"[Em 1989] o novo era Collor, e vocês sabem o que aconteceu neste
país", afirmou.
Longe de Haddad,
Lula ataca o "novo" e exalta "experiência"
Em Diadema, ex-presidente defende continuidade de grupo há 12 anos no poder
Na capital paulista, renovação é o mote do candidato petista, que pela
primeira vez disputa uma eleição
Uirá Machado, Paulo Gama e Daniela Lima
SÃO PAULO - O ex-presidente Lula, que prega a eleição de Fernando Haddad
(PT) como forma de renovar a política em São Paulo, fez ontem um discurso
contra "o novo" em Diadema (SP), cidade controlada pelo PT há 12
anos.
No palanque de Mário Reali, candidato à reeleição, Lula disse que não se
deve trocar "o certo pelo duvidoso" e que o país já apostou no
"novo" em 1989, quando elegeu Fernando Collor, que sofreu um
impeachment dois anos após a posse. O hoje senador é aliado do PT do Congresso.
Em Diadema, Reali disputa o segundo turno contra o vereador Lauro Michels
(PV) que, assim como Haddad, disputa pela primeira vez uma eleição majoritária.
O "novo" é o principal mote da campanha de Haddad em São Paulo.
Toda a propaganda petista do primeiro turno se desenvolveu sobre o slogan
"um homem novo para um tempo novo".
Na primeira vez em que apareceu com Haddad em um programa de TV, o do
apresentador Ratinho, Lula defendeu seu candidato dizendo que "a população
votará no novo porque quer mudança".
Ele afirmou ainda que o adversário José Serra (PSDB) era
"desgastado" e, em comício com Haddad em setembro, aconselhou o
tucano a requerer a "aposentadoria".
Experiência
Já no discurso de ontem, Lula defendeu continuidade e disse mais de uma vez
que "não ficaria feliz" se a população elegesse "alguém que não
tem experiência".
"É importante que o povo não entre em uma aventura", afirmou o
ex-presidente em seu discurso.
"[Em 1989], o novo era Collor, e vocês sabem o que aconteceu neste
país. (...) Temos que votar em quem tem história. [Não podemos] Colocar [na
prefeitura] alguém que nunca administrou nem a cozinha de casa", concluiu.
O ex-presidente arrematou o discurso dizendo que Diadema não deveria trocar
"o certo pelo duvidoso". "Nós vimos o que aconteceu com a
Carminha. Ela trocou o certo pelo duvidoso, e vocês viram o que deu nela",
disse, citando a vilã da novela Avenida Brasil, da TV Globo.
No primeiro turno, Reali teve 47% dos votos válidos, contra 42% de Lauro
Michels. De acordo com pesquisas eleitorais, o candidato do PV agora lidera as
intenções de voto no segundo turno.
Semelhanças
O discurso que Lula usou na cidade da Grande São Paulo se assemelha ao que o
PSDB de José Serra usa na capital para atacar Fernando Haddad.
Em São Paulo, a situação do candidato petista é inversa à de Diadema.
Serra teve 31% dos votos válidos no primeiro turno e Haddad 29%. Agora, o
petista lidera as pesquisas de intenção de votos com vantagem de 17 pontos.
Nos últimos dias, a propaganda eleitoral tucana tem martelado que Haddad
"não está preparado" para assumir a prefeitura e que Serra seria a melhor
opção por ser mais "experiente".
Em discursos e entrevistas, Serra também tem atacado o slogan petista
dizendo que "novo no Brasil é político ir pra cadeia", em referência
ao julgamento do mensalão.
Ontem, o tucano voltou a falar sobre o tema da novidade. Ele costuma dizer
que "inovação" é uma questão de ideias, não de idade.
"Essa questão do novo, aqui na cidade, é crucial. Muita gente diz:
"Quero o novo". O novo é o quê? É o que nós trazemos para a
cidade", afirmou.
Fonte: Folha de S. Paulo
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