segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Serra diz que petistas 'vão para a cadeia'


O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, acusou o PT de querer vencer as eleições para minimizar a condenação de líderes do partido no mensalão. "Eles acham que a eleição vai compensar o crime do mensalão. Mas não vai. Esse pessoal vai para a cadeia mesmo", afirmou.

Serra rebate Lula e diz que petistas "vão para a cadeia"

Tucano reagiu aos discursos do ex-presidente e de Dilma no comício de Haddad e mostrou que não pretende abdicar do discurso ético na última semana da campanha

Felipe Frazão

Na semana decisiva da disputa pela Prefeitura de São Paulo, o candidato do PSDB, José Serra, acusou ontem o PT, do adversário Fernando Haddad, de querer vencer a eleição paulistana para minimizar as condenações de líderes do partido no julgamento do mensalão. O tucano demonstrou que não pretende abdicar do chamado discurso ético na reta final da campanha ao afirmar que petistas acabarão na "cadeia".

Indiretamente, Serra fez alusão ao comentário do ex-ministro José Dirceu, já condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção ativa. Após a condenação, em encontro com correligionários, Dirceu disse que a vitória de Haddad era mais importante para o PT do que o julgamento.

"Eles acham também que a eleição em São Paulo vai compensar o crime do mensalão. Mas não vai, não. Esse pessoal vai para a cadeia mesmo", afirmou Serra após discursar para universitários de uma associação na Lapa, bairro da zona oeste da capital paulista.

O candidato do PSDB tratou do assunto ao responder sobre as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff, que participaram anteontem de um comício da campanha de Haddad. "Eles jogam eleitoralmente e na base da mentira. É um partido de gente que mente o tempo inteiro. Eles atacam, fazem jogo baixo e ao mesmo tempo dizem que o outro é que está fazendo", disse Serra.

No comício, Lula comparou as renúncias de Serra a mandatos no Executivo (ele deixou a Prefeitura em 2006 para concorrer ao governo do Estado, do qual saiu em 2010 para tentar a Presidência) à trajetória dos ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor. Jânio e Collor também deixaram de terminar mandatos por motivos eleitorais. Dilma afirmou que Haddad é vítima da mesma "campanha de baixo nível" que ela enfrentou na disputa contra Serra em 2010.

"É a estratégia petista típica. Eles jogam baixo, muito baixo. Basta olhar o que eles fazem de ataques, infâmias, isso e aquilo, e acusam o adversário. É a maneira mais cômoda", disse o tucano, sem citar nomes. "É quase uma demonstração de que o crime em relação à verdade compensa."

Debate. Ao responder a Lula e Dilma abordando o mensalão, Serra voltou a vincular o debate eleitoral em São Paulo à questão da ética na política. Ele também disse na última quinta-feira, no debate da TV Bandeirantes, que Dirceu era o "guru político" de Haddad. Serra já havia falado sobre o mensalão no horário eleitoral nos primeiros programas de TV do 2.º turno.

Nas inserções de propaganda mais curtas ao longo do dia, a ligação da imagem de Haddad com os réus condenados é feita por locutores do programa do PSDB.

A nova ofensiva do tucano vai contra o que pregam publicamente integrantes da campanha. Líderes mais próximos do candidato avaliam que o julgamento do mensalão já foi explorado com o eleitorado sensível ao tema e, portanto, talvez não venha a agregar quantidade significativa de eleitores.

Coordenadores do comitê serrista dizem, no entanto, que é preciso manter a mesma linha de propaganda e não deixar o mensalão sair da pauta.

Em caminhadas nos bairros das zonas leste e sul, cabos eleitorais de Serra começaram a distribuir no fim de semana adesivos com a frase "Diga não ao mensalão" com tonalidade vermelha ao fundo - a cor usada pelo PT. O STF deve concluir nesta semana o julgamento.

Revide. No debate da Bandeirantes, Haddad, que lidera as pesquisas de intenção de voto, propôs a Serra uma trégua na campanha. Pelo acordo, os candidatos reservariam a última semana para discutir somente projetos de governo. O tucano acusou o petista de tentar "um truque para impressionar". Haddad, porém, não deve seguir o "protocolo de paz" unilateralmente. Apesar de reiterar que não pretende tomar a frente nos ataques, o petista reservou espaço em sua propaganda de TV para revidar. Ele alega não poder ficar sem resposta, porque o eleitor cobra o revide.

A campanha do PT pode levar ao ar na TV escândalos como o mensalão mineiro e a investigação por suspeita de enriquecimento ilícito de Hussain Aref Saab, ex-diretor de Aprovações de construções imobiliárias nomeado por Serra na Secretaria municipal de Habitação.

Antes da votação em 2.º turno, no domingo, Serra e Haddad terão novos confrontos diretos nos debates do SBT e da TV Globo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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