O candidato do PSDB à
Prefeitura de São Paulo, José Serra, acusou o PT de querer vencer as eleições
para minimizar a condenação de líderes do partido no mensalão. "Eles acham
que a eleição vai compensar o crime do mensalão. Mas não vai. Esse pessoal vai
para a cadeia mesmo", afirmou.
Serra rebate Lula e
diz que petistas "vão para a cadeia"
Tucano reagiu aos discursos do ex-presidente e de Dilma no comício de Haddad
e mostrou que não pretende abdicar do discurso ético na última semana da
campanha
Felipe Frazão
Na semana decisiva da disputa pela Prefeitura de São Paulo, o candidato do
PSDB, José Serra, acusou ontem o PT, do adversário Fernando Haddad, de querer
vencer a eleição paulistana para minimizar as condenações de líderes do partido
no julgamento do mensalão. O tucano demonstrou que não pretende abdicar do
chamado discurso ético na reta final da campanha ao afirmar que petistas acabarão
na "cadeia".
Indiretamente, Serra fez alusão ao comentário do ex-ministro José Dirceu, já
condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção ativa. Após a
condenação, em encontro com correligionários, Dirceu disse que a vitória de
Haddad era mais importante para o PT do que o julgamento.
"Eles acham também que a eleição em São Paulo vai compensar o crime do
mensalão. Mas não vai, não. Esse pessoal vai para a cadeia mesmo", afirmou
Serra após discursar para universitários de uma associação na Lapa, bairro da
zona oeste da capital paulista.
O candidato do PSDB tratou do assunto ao responder sobre as declarações do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff, que
participaram anteontem de um comício da campanha de Haddad. "Eles jogam
eleitoralmente e na base da mentira. É um partido de gente que mente o tempo
inteiro. Eles atacam, fazem jogo baixo e ao mesmo tempo dizem que o outro é que
está fazendo", disse Serra.
No comício, Lula comparou as renúncias de Serra a mandatos no Executivo (ele
deixou a Prefeitura em 2006 para concorrer ao governo do Estado, do qual saiu
em 2010 para tentar a Presidência) à trajetória dos ex-presidentes Jânio
Quadros e Fernando Collor. Jânio e Collor também deixaram de terminar mandatos
por motivos eleitorais. Dilma afirmou que Haddad é vítima da mesma
"campanha de baixo nível" que ela enfrentou na disputa contra Serra
em 2010.
"É a estratégia petista típica. Eles jogam baixo, muito baixo. Basta
olhar o que eles fazem de ataques, infâmias, isso e aquilo, e acusam o
adversário. É a maneira mais cômoda", disse o tucano, sem citar nomes.
"É quase uma demonstração de que o crime em relação à verdade
compensa."
Debate. Ao responder a Lula e Dilma abordando o mensalão, Serra voltou a
vincular o debate eleitoral em São Paulo à questão da ética na política. Ele
também disse na última quinta-feira, no debate da TV Bandeirantes, que Dirceu
era o "guru político" de Haddad. Serra já havia falado sobre o
mensalão no horário eleitoral nos primeiros programas de TV do 2.º turno.
Nas inserções de propaganda mais curtas ao longo do dia, a ligação da imagem
de Haddad com os réus condenados é feita por locutores do programa do PSDB.
A nova ofensiva do tucano vai contra o que pregam publicamente integrantes
da campanha. Líderes mais próximos do candidato avaliam que o julgamento do
mensalão já foi explorado com o eleitorado sensível ao tema e, portanto, talvez
não venha a agregar quantidade significativa de eleitores.
Coordenadores do comitê serrista dizem, no entanto, que é preciso manter a
mesma linha de propaganda e não deixar o mensalão sair da pauta.
Em caminhadas nos bairros das zonas leste e sul, cabos eleitorais de Serra
começaram a distribuir no fim de semana adesivos com a frase "Diga não ao
mensalão" com tonalidade vermelha ao fundo - a cor usada pelo PT. O STF
deve concluir nesta semana o julgamento.
Revide. No debate da Bandeirantes, Haddad, que lidera as pesquisas de
intenção de voto, propôs a Serra uma trégua na campanha. Pelo acordo, os
candidatos reservariam a última semana para discutir somente projetos de
governo. O tucano acusou o petista de tentar "um truque para
impressionar". Haddad, porém, não deve seguir o "protocolo de
paz" unilateralmente. Apesar de reiterar que não pretende tomar a frente nos
ataques, o petista reservou espaço em sua propaganda de TV para revidar. Ele
alega não poder ficar sem resposta, porque o eleitor cobra o revide.
A campanha do PT pode levar ao ar na TV escândalos como o mensalão mineiro e
a investigação por suspeita de enriquecimento ilícito de Hussain Aref Saab,
ex-diretor de Aprovações de construções imobiliárias nomeado por Serra na
Secretaria municipal de Habitação.
Antes da votação em 2.º turno, no domingo, Serra e Haddad terão novos
confrontos diretos nos debates do SBT e da TV Globo.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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