A estrada é longa –
há o ano quem vem todo para atravessar, um discurso a construir e muitos cacos
a juntar no PSDB –, mas o alento do tucano é que o caminho não é tão deserto
quanto ele mesmo supunha nem o lobo mau anda tão perto a ponto de representar
um obstáculo intransponível.
"O resultado da
eleição municipal mostrou que não há cidadelas inexpugnáveis, que a
popularidade de Dilma e Lula não é garantia de vitória e que a oposição não
está morta", diz, afastando a hipótese de estar sendo artificialmente
otimista, já que a mais o PT derrotou o PSDB em São Paulo, a mais importante
das cidadelas.
Prejuízo grande?
"Enorme. Em boa parte devido à ação deletéria de Gilberto Kassab, que
conseguiu projeção nacional no espaço aberto para o PSDB, dizimou o DEM,
construiu suas pontes com o governo e agora é nosso adversário."
Dano irrecuperável?
"Nem de longe. Continuamos com os governos de São Paulo e Minas. Ganhamos
as três últimas presidenciais no Sul e Centro-Oeste e agora conquistamos
inserção importante no Norte e no Nordeste, de onde havíamos sido praticamente
varridos."
Uma surpresa. Meses
antes da eleição, os tucanos achavam que no Nordeste a oposição só ganharia em
Aracaju, com o veteraníssimo João Alves, do DEM.
Por isso, o saldo de
vitórias na parte do país onde o governo federal fincara sólidas bandeiras é
visto com festejo: Salvador, Teresina, Maceió, Manaus, Belém e Aracaju. Inclui
Fortaleza e Recife, conquistas do PSB em confronto com o PT, para dizer que a
invencibilidade de Lula é um mito e a boa avaliação de Dilma não resulta
necessariamente em influência de voto.
"A presidente se
empenhou pessoalmente em cinco cidades, [Belo Horizonte, Campinas, São Paulo,
Manaus, Salvador] e perdeu em quatro."
Mas só isso não faz
do PSDB uma opção competitiva nem é suficiente nem para abalar a aliança em
torno da reeleição de Dilma Rousseff.
Aécio concorda e acha
indispensável pôr a mão na massa e o pé na estrada. Montar um "novo
time" quando da mudança da executiva nacional do PSDB em maio, abrindo
espaço para a nova geração de prefeitos e parlamentares.
"Depois disso,
tenho uns seis meses para viajar pelo país." A ideia é falar nas
assembleias legislativas, nas universidades, nas emissoras locais, aproveitando
todo tipo oportunidade para levar ao eleitorado temas como saúde, segurança,
penúria dos municípios, aparelhamento do Estado, eficácia de gestão, ética na
política e mais quais forem os temas escolhidos pelo partido.
E o tom desse
discurso, será ameno ou de embate com o Palácio do Planalto?
O senador é criticado
dentro e fora do PSDB por ter tido uma atuação frustrante diante da expectativa
de que seria o grande líder da oposição depois de deixar o governo de Minas.
"Sei disso. Às
vezes penso que talvez tivesse sido melhor não ter ido para o Senado, onde a
oposição não tem destaque e o ambiente é de subserviência absoluta."
Daí o plano de atuar
mais fora do Parlamento em 2013. Candidatura para valer – "se for o
caso", acrescenta a título de precaução –, só na virada do ano eleitoral.
Anuncia que assumirá
gradualmente posições mais contundentes, embora dentro de um limite: "Não acho
que vá ganhar a eleição quem se dedique exclusivamente a dar pancada no
governo. Se eu tivesse feito isso teria sido pior, estaria mais
desgastado".
Preservando-se para
pescar nas águas governistas?
"Tenho trânsito
em todos os partidos, mas no momento a preocupação é outra: cumprir uma agenda
que faça do PMDB uma expectativa viável de poder, porque sem esse ativo não
vamos atrair ninguém."
Fonte: O Estado de S. Paulo
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