Nomes cogitados nas legendas que integram a base aliada são mais críticos ao
governo do que as atuais lideranças
João Domingos
BRASÍLIA - O perfil dos líderes que os partidos estão escolhendo para a
Câmara dos Deputados deverá tornar o embate entre governo e oposição mais
acirrado no ano que vem. No PT, assumirá o deputado José Guimarães (CE). Assim
como o atual líder, Jilmar Tatto (SP), ele atua na linha de frente da tropa de
choque do governo. Na oposição, o líder do DEM deverá ser Ronaldo Caiado (GO) e
o do PSDB será escolhido entre Carlos Sampaio (SP) e Domingos Sávio (MG). Todos
são conhecidos pelas posições muito críticas ao governo.
Guimarães é irmão do ex-presidente do PT José Genoino, condenado a 6 anos e
11 meses pelo Supremo Tribunal Federal por formação de quadrilha e corrupção
ativa no processo do mensalão. Ele era o favorito para ser o líder no início do
ano, mas cedeu o lugar a Tatto porque ainda corria o risco de ser processado
pela Justiça no caso em que um assessor de seu gabinete - José Adalberto Vieira
- foi preso com U$ 100 mil na cueca e mais R$ 209 mil numa maleta, em 2005, no
auge do escândalo do mensalão. Em junho o Superior Tribunal de Justiça (STJ)
desvinculou Guimarães do assessor e livrou-o de qualquer tipo de processo.
No PR são candidatos a líder os deputados Anthony Garotinho (RJ), Fernando
Giacobo (PR) e Luciano Castro (RR). Se o escolhido for Garotinho, a previsão é
de que o PR adote uma linha de independência em relação à presidente Dilma
Rousseff, com possibilidade de um viés de oposição. Desde junho do ano passado,
quando o senador Alfredo Nascimento foi tirado do Ministério da Agricultura, o
PR oscila entre a independência e a base do governo. Já Luciano Castro tende a
levar o partido novamente para a base do governo. De outras vezes em que foi
líder, trabalhou intensamente por acordos com o Palácio do Planalto.
No PMDB três deputados disputam a liderança. Todos eles têm perfil menos
governista do que o atual líder, Henrique Eduardo Alves (RN), que deverá ser o
próximo presidente da Câmara, num acordo feito com o PT para o rodízio da
direção da Casa. O deputado Danilo Forte (CE), que é ligado ao presidente da
Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Eunício Oliveira, tem queixas do
governo por não ter conseguido fazer o sucessor na presidência da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa). Dos outros dois candidatos a líder, Osmar Terra
(RS) costuma fazer cobranças duras ao governo para o socorro a prefeituras,
enquanto Marcelo Castro (PI) atua na linha dos que exigem a liberação de
emendas parlamentares.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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