sábado, 17 de novembro de 2012

Ritmo de crescimento cairá na América Latina, diz OCDE

Relatório sobre perspectivas econômicas da região foi apresentado no primeiro dia da Cúpula Íbero-Americana

Andrei Netto

CADIZ - Chefes de Estado e de governo da América Latina reunidos na Cúpula Ibero-Americana em Cadiz, na Espanha, receberam ontem uma má e uma boa notícia em termos econômicos. Pelos prognósticos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), a região deve de fato crescer menos em 2012 do que no ano anterior: 3,2% contra 4,4%, respectivamente. Em contrapartida, a aceleração retorna no próximo ano, quando o Produto Interno Bruto (PIB) pode avançar 4%.

As informações fazem parte do relatório Perspectivas Econômicas para a América Latina 2013, lançado ontem, às margens da cúpula. Segundo o secretário-geral da entidade, Angel Gurría, o prognóstico é "relativamente positivo, mas exposto à incerteza global e à volatilidade", à redução da demanda interna e das exportações de matérias-primas. O momento é propício, diz o economista mexicano, para que os países latino-americanos estimulem o crescimento e "contenham riscos".

"É a hora de a América Latina aprimorar sua estrutura e fazer avanços que reduzam a desigualdade e estimulem o crescimento econômico", exortou Gurría. "O contexto global pede mudanças estruturais para estimular a produtividade."

O secretário-geral da organização citou o caso das pequenas e médias empresas (PMEs), que têm alto peso econômico na região, empregando 67% dos trabalhadores. "Pequenas e médias empresas na América Latina têm o poder de agir como catalisador para ajudar a região a aprimorar sua produtividade. Mas uma maior coordenação é necessária para ajudar as PMEs a superar obstáculos em termos de acesso a financiamento, capital humano e inovação", diz o relatório da OCDE.

Elogios. O documento também traz críticas construtivas ao Brasil, em especial ao programa Inova Brasil, um projeto de estímulo à ciência, à tecnologia e à inovação mantido pela empresa pública Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). "Tais programas precisam ser desenvolvidos em larga escala", apregoa a organização.

A OCDE também destaca como ponto positivo da América Latina a baixa taxa de desemprego, que deve fechar 2012 em 6,5%, inferior aos 11,5% da zona do euro, que atravessa a crise das dívidas soberanas.

Por outro lado, critica a arrecadação tributária "excessivamente baixa", de 19,4% em 2010, ainda muito inferior ao patamar dos 33 países-membros da entidade, cuja média é 34%.

Desigualdade. Os bons números da economia, entretanto, não devem acomodar os dirigentes latino-americanos, que ainda enfrentam o desafio da inclusão social. A advertência foi feita ao Estado pelo secretário-geral- adjunto do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud), Heraldo Muñoz. Para o executivo, a região vive um crescimento "invejável" por países desenvolvidos, o que retirou 51 milhões de pessoas da pobreza - dos quais 40 milhões só no Brasil. Ainda assim, há problemas urgentes a enfrentar. "Queremos focar no objetivo político da redução da desigualdade", afirmou, lembrando: "A América Latina é a região mais desigual e mais violenta do mundo".

Fonte: O Estado de S. Paulo

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