BRASÍLIA - A cúpula da Advocacia-Geral da União está dividida sobre como
reagir às suspeitas de que o órgão esteve envolvido na venda de pareceres
públicos para empresários.
Como forma de se distanciar das denúncias, o ministro Luís Inácio Adams
propôs dar "transparência extrema" aos atos de seu ex-braço direito
na AGU, um dos indiciados pela Polícia Federal.
José Weber Holanda, que, além de assessor, era amigo do ministro, trocou
e-mails com os líderes da quadrilha apontada pelo inquérito.
Adams chegou a sugerir a divulgação não só de todos os pareceres assinados
por Weber, mas também de todos os despachos burocráticos.
Aliados do ministro, no entanto, acham que isso poderá ser um tiro no pé.
Preferem analisar minuciosamente a papelada antes de torná-la pública. Receiam
que o tráfico de influência tenha sido maior do que se sabe.
O consultor-geral da União, Arnaldo Godoy, já declarou que foi
"enganado" pela cúpula da AGU e "usado" pelo esquema de corrupção
investigado.
Segundo a Folha apurou, outros servidores em cargo de chefia da AGU temem
ter seu nome associado ao de Weber.
Na sexta-feira, Adams chamou uma reunião com principais integrantes do órgão
para acalmar os ânimos, pedir união e evitar novos protestos, como o de Godoy.
Embora ainda não tenha terminado o levantamento da produção de Weber, o
advogado-geral e seus auxiliares finalizaram ontem um pente-fino nas conclusões
da PF. A avaliação é de que a crise tende a arrefecer, porque não haveria mais
nada no inquérito.
O ministro acha que essa medida e seu depoimento no Senado, na quarta,
contribuirão para apaziguar ânimos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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