Na antevéspera de decisão do STF, réus petistas recebem apoio de dirigentes
Debate vira ato de desagravo a José Dirceu, Delúbio, Genoino e João Paulo; grupo fala até em anulação de sentença
Diógenes Campanha
SÃO PAULO - Na antevéspera de o Supremo Tribunal Federal decidir se réus do mensalão terão direito a novos recursos no julgamento, o presidente do PT e alguns dos principais dirigentes da sigla defenderam ontem que a corte acolha os embargos infringentes para os quatro integrantes do partido condenados.
O desagravo ao ex-ministro José Dirceu, aos deputados José Genoino e João Paulo Cunha e ao ex-tesoureiro Delúbio Soares foi feito durante um debate entre os candidatos a presidente do PT, na sede do partido em São Paulo.
O tema apareceu já nas falas de apresentação do encontro. O presidente do PT, Rui Falcão, que concorre à reeleição, afirmou que o ministro Celso de Mello, responsável pelo desempate amanhã, está sendo pressionado a não aceitar os embargos infringentes, que garantirão o reexame de parte do processo para condenados por votações apertadas.
"Quatro companheiros de maior valor estarão dependendo da decisão de um homem, que está sendo pressionado pela grande mídia para que não acolha os embargos infringentes, que darão a possibilidade de um novo julgamento para esses companheiros que foram condenados injustamente, linchados moralmente", disse Falcão.
Os outros candidatos seguiram na defesa dos condenados. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), secretário-geral do partido, disse esperar o provimento dos embargos, "para que possam ser revistas as condenações e possa se fazer justiça a todos aqueles companheiros".
Valter Pomar cobrou que a corte "faça valer o Estado de Direito, e não o Estado da direita, como parte dos ministros preferem". Serge Goulart conclamou o partido a "iniciar combate nacional pela anulação da sentença".
Desde a condenação de seus militantes, no final do ano passado, o PT se posicionou timidamente sobre o resultado. O partido emitiu uma nota questionando pontos do julgamento, mas a direção nacional e o Planalto desencorajaram manifestações que pudessem ser vistas como afronta ao Supremo.
A manifestação de solidariedade durante o debate de ontem levou os candidatos das correntes minoritárias a reclamarem do "silêncio em relação à ação penal 470 [nomenclatura jurídica do processo do mensalão]".
"Quem quer virar a página da história corre o risco de jogar fora o livro inteiro", disse Markus Sokol, cuja ala interna chegou a publicar livreto com artigos questionando a posição do PT no caso.
As condenações se refletiram na eleição interna. Dirceu, João Paulo, Genoino e Delúbio não foram incluídos nas chapas para a formação do diretório nacional que será escolhido em novembro.
Dirigentes do partido dizem que eles foram convidados, mas não quiseram participar.
Fonte: Folha de S. Paulo
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