OPERAÇÃO ESOPO/ Escândalos não abalaram o ministro do Trabalho, Manoel Dias. O Planalto quer evitar que a legenda se alie à oposição
Paulo de Tarso Lyra, Karla Correia e Adriana Caitano
A exoneração do número 2 da pasta, a prisão de mais de 20 pessoas durante Operação Esopo, na semana passada, e, agora, uma denúncia de irregularidades em convênios firmados pela mulher do ministro Manoel Dias, Dalva Dias, quando ela era secretária do Trabalho em Santa Catarina, ainda não são suficientes para que a presidente Dilma Rousseff rife o PDT do Ministério do Trabalho. Em entrevista, ontem, a jornais gaúchos, a presidente sinalizou que não pretende demitir o ministro, mesmo após as novas denúncias, e lembrou que Dias chegou há pouco tempo no governo.
No Planalto, foi o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, o escalado para acalmar o PDT e o próprio titular do ministério. "Quem conhece Manoel Dias sabe da seriedade dele, da história dele. Não posso acreditar que haja qualquer problema com o ministro", disse Carvalho. "Boa parte dos convênios que estão no Ministério do Trabalho nem é, inclusive, da época dele. Ele tomou todas as providências necessárias, como a suspensão dos convênios para uma análise", defendeu Carvalho.
O governo está cauteloso em romper com o PDT porque sabe que o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, faz um jogo ambíguo e não confirma se apoiará a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Ao Correio, ele negou que as novas denúncias envolvendo a pasta possam interferir na escolha da aliança
eleitoral em 2014. "Zero. Tenho o corpo marcado pelas lutas da vida. A manipulação das informações não me influencia." Mas Dilma sabe que ele tem se reunido, com frequência, com o pré-candidato do PSB à Presidência, governador Eduardo Campos (PE), e com o pré-candidato do PSDB, senador Aécio Neves (MG).
Um cacique governista admitiu que, feliz, a presidente Dilma não está. "Mas é preciso esperar mais para não tomar uma decisão precipitada. A descoberta de irregularidades contra a mulher do ministro complica, mas, por enquanto, ele está blindado", revelou o aliado da presidente Dilma. Em nota, o Ministério do Trabalho informou que as denúncias contra Dalva, publicadas no jornal O Estado de S. Paulo, já foram analisadas e arquivadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em 2009. Mesmo assim, os convênios sob suspeita serão analisados pela força-tarefa criada pela pasta no sábado.
Amanhã, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados vota requerimentos de convocação do ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, e do ministro Manoel Dias. O primeiro foi apresentado pelo deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), e o segundo, pelo deputado Fernando Fran-cischini (PEN-PR), que também pretende convidar Gilberto Carvalho. "A gente precisa saber ainda se aquela faxina feita pela presidente Dilma (quando Lupi deixou o ministério) foi de verdade ou só para varrer a sujeira para debaixo do tapete", disse o deputado paranaense.
Fonte: Correio Braziliense
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