terça-feira, 17 de setembro de 2013

Lula, os dramas do PT e o mau-caratismo – Alberto Goldman

Lula voltou a falar aos militantes petistas num ato político promovido pelo PT no centro de São Paulo. “A gente precisa voltar a ter orgulho do nosso partido. Vamos voltar a usar a nossa camiseta vermelha. A gente não tem que ter vergonha.”

Falando do seu partido aditou “ele foi feito sobretudo para a gente estar 24 horas por dia ajudando a organizar a luta do povo brasileiro...o povo foi às ruas clamar por melhores condições de vida.” Para Lula, o petismo “precisa aprender uma lição: o partido é que poderia estar puxando esses movimentos....Não é contra o nosso Fernando Haddad, não é contra nossa presidenta Dilma, não é contra o Lula… É a favor deles, a favor do povo brasileiro.”

O discurso de Lula mostra o drama por que passa o PT. Os petistas e os simpatizantes do partido deixaram de ter orgulho do partido. Muitos passaram a ter vergonha dele. Faz muito tempo que o PT está fora das ruas, não puxa os movimentos populares porque se dá conta que, depois de quase 11 anos de poder, esses movimentos se voltam contra ele. E não é sem razão.

O povo começa a se dar conta de que o PT deixou de ser o que era para ser um partido tradicional cujo maior objetivo é manter o poder e os benefícios que este traz aos seus dirigentes. Por isso o povo se manifesta, sim, contra a Dilma, contra o Haddad e mesmo contra o Lula a medida que vai tomando consciência de que o grande responsável pelas dificuldades do país nos dias de hoje é justamente, o ex-presidente .

Toda essa retórica de Lula tinha um objetivo: colocar o seu candidato a governador de São Paulo, Alexandre Padilha, no foco do pronunciamento. Cinicamente ridiculariza a lei e a Justiça Eleitoral: “não posso falar de eleição porque já fui multado..”. Mas fala sem se preocupar com as multas. Belo exemplo. Tem quem pague por elas. Não é do bolso dele.

E diz: “Esse Estado precisa recuperar sua autoestima, a sua graça. Esse Estado é muito importante para ser governado por um passarinho que tem voo curto e bico muito longo.” O mínimo que se poderia esperar de uma figura como ele seria o respeito aos governantes eleitos pelo povo. Mas seria pedir demais. O cinismo e a hipocrisia são a sua maior característica de caráter.

Finalmente se referindo ao recém falecido Luiz Gushiken ele diz: “Gushiken foi uma das vítimas da mentira de uma parte da imprensa desse país...Eu sei o que o companheiro Gushiken sofreu com as infâmias que levantaram contra ele. Muitas vezes o irresponsável que levanta uma acusação sem ter prova não leva em conta a história da pessoa, não leva em conta que a pessoa tem mulher, tem filho… A imprensa que o acusou deveria ter vergonha na cara e publicar uma manchete amanhã pedindo desculpas ao Gushiken.”

Aí o Lula atinge os píncaros do mau-caratismo. Tem a coragem de acusar a outros justamente ele e seus companheiros que por anos a fio fizeram com dezenas de pessoas isso que ele agora condena.

A bem da história é bom lembrarmos que foi o petista Henrique Pizzolato, diretor do Banco do Brasil na época do escândalo, o responsável pela denúncia a Gushiken na CPI dos Correios (Mensalão), acusando-o de ter autorizado os contratos com as agências de publicidade de Marcos Valério – fonte do dinheiro desviado para sustentar o mensalão - quando era o ministro responsável pela publicidade governamental. A acusação não foi provada e Gushiken foi inocentado.

Alberto Goldman é vice presidente nacional do PSDB

Um comentário:

O MUNDO NA BOCA DO POVO disse...

... Partidos tradicionais... Tal qual o PSDB.