Presidente afirma que Dias assumiu cargo há apenas seis meses; Carvalho defende ministro
Flávio Ilha e Catarina Alencastro
PORTO ALEGRE e BRASÍLIA- A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem em Porto Alegre a manutenção no cargo do ministro do Trabalho, Manoel Dias, apesar das denúncias de fraudes em licitações da pasta que chegam a R$ 400 milhões, segundo investigação da operação Esopo, da Polícia Federal. Em uma entrevista concedida no aeroporto da cidade aos jornais "Correio do Povo" e "Zero Hora" antes de embarcar para Brasília, Dilma descartou a possibilidade de uma reforma ministerial neste momento. Segundo ela, mudanças no primeiro escalão vão ocorrer somente entre o final deste ano e o início de 2014, envolvendo exclusivamente ministros que serão candidatos nas eleições do ano que vem.
— O ministro (Manoel Dias) acabou de entrar no governo. As responsabilidades dele são todas muito circunscritas. Vou avaliar os dados. Mas não temos hoje nenhuma razão para modificar nossa visão do ministro, como não tenho de nenhum outro ministro. Havendo algum caso concreto e fundado, qualquer pessoa está sujeita às exigências éticas e legais do país — disse Dil-ma quando foi perguntada sobre a situação de Dias no governo.
O ministro, vinculado ao PDT de Santa Catarina, tomou posse há seis meses, depois que Brizola Neto deixou o cargo na minirreforma ministerial do começo do ano. Pedetista histórico, Dias foi secretário pessoal de Brizola e tem uma boa relação com a presidente.
Desaconselhada pela segurança a viajar até Rio Grande devido às condições climáticas, onde participaria do batismo da P-55, a presidente cancelou a agenda marcada no polo naval da cidade e transferiu a solenidade simbólica, que incluía a assinatura de contrato para a construção de mais duas plataformas de petróleo na região, para o Palácio Piratini — sede do governo gaúcho.
Durante a cerimônia, Dilma decidiu que daria entrevista para os dois principais diários da capital gaúcha. Mas, devido a alegados problemas na voz, advertiu que o encontro seria rápido. A entrevista durou pouco mais de 30 minutos e se deteve principalmente na destinação de recursos federais para a obra do metrô de Porto Alegre.
A presidente informou que, quando fizer a reforma ministerial, levará em conta principalmente os interesses do governo.
— Vamos fazer uma reforma que seja centrada no interesse do governo. Eu não quero solução de continuidade, quero manter um padrão — disse.
Mais cedo, em Brasília, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, saiu em defesa de Dias. Carvalho afirmou que Dias é sério e que a maior parte dos convênios foi firmada antes de ele assumir o ministério.
— Quem conhece o Manoel Dias sabe da seriedade dele, sabe da história dele. Eu, sinceramente, não posso acreditar que haja qualquer problema com o ministro. Boa parte dos convênios que estão no Ministério do Trabalho não é da época dele. Ele tomou as providências necessárias que foi a suspensão dos convênios para uma análise — disse.
Ele disse ainda ficar revoltado de ver desvios de recursos públicos, mas apontou que o governo elaborou um marco regulatório para normalizar as relações de ONGs com o governo.
Fonte: O Globo
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