O efeito eleitoral e a quantidade de votos ainda são uma incógnita, mas a surpreendente aliança de Eduardo Campos e Marina Silva foi, seguramente, um grande lance político --e com efeitos.
Marina tem origem no PT e Campos é do PSB, aliado de primeira hora do PT, de Lula e, por extensão, de Dilma. A mensagem e o impacto da união das duas forças são relevantes e forçarão todas as outras peças a se mexerem: Lula, Dilma, Aécio e até Serra, hoje em compasso de espera.
Do ponto de vista dos votos, ou da aritmética, pode haver uma soma zero, pois o resultado não parece aumentar a hipótese de segundo turno. Do ponto de vista político (ou da matemática?), as combinações se tornam muito mais complexas.
A candidatura Eduardo Campos deixou de ser uma possibilidade, para se tornar realidade. Isso significa atrair microfones, holofotes e um punhado de partidos, políticos e empresários interessados. Campos, o lanterninha nas pesquisas, mudou expressivamente de patamar.
Marina fez caminho inverso, pois sua candidatura era uma realidade e, só com muita boa vontade, continua a ser uma possibilidade. Isso significa que seus seguidores estão em fase não só de avaliação, mas de aflição. Deram um pulo no escuro e ainda não veem luz no fim do túnel.
O desafio de Campos e Marina, a partir do anúncio de sábado, é somar suas forças, não subtrair uma da outra. É unir o sonho da Rede Sustentabilidade (que não está morta...) ao pragmatismo e à bandeira da eficiência dos apoiadores de Campos. Ou os votos dos sonháticos urbanos, indigenistas e ambientalistas aos de pragmáticos como Jorge Bornhausen, criador do PFL e do DEM, e Ronaldo Caiado, líder ruralista.
A força de Marina tem de atrair o seu eleitor para o desenvolvimentismo de Campos. E Campos tem de convencer o seu de que sustentabilidade não é atraso. O contrário é um desastre: Marina perde o que tem, e Campos, o que nem chegou a ter.
Fonte: Folha de S. Paulo
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