Ex-governador concorda com o ex-presidente FHC que a investigação não cabe em ano eleitoral; Aécio, pré-candidato do partido, discorda e vai entrar com pedido de criação de uma CPMI
Elizabeth Lopes e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
CAMPOS DE JORDÃO - O ex-governador tucano José Serra (PSDB) disse nesta sexta-feira, 21, acreditar que em ano eleitoral pode ser complicado instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a controversa compra pela Petrobrás de uma petrolífera em Pasadena, nos EUA, que teve aval da presidente Dilma Rousseff. "Eu acho que se houver uma boa investigação do Ministério Público, já é satisfatório", disse ele, após participar do 58º Congresso Estadual de Municípios, em Campos do Jordão.
O ex-governador afirmou ser favorável à investigação, mas acredita não ser necessário instalar uma CPI neste momento para isso, sobretudo em um ano eleitoral. "Vamos ver como é que o Ministério Público toca isso e, se essa investigação não andar direito, aí cabe uma CPI."
A opinião de Serra vai na mesma linha da manifestada nesta quinta pelo ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Para FHC, a instalação de uma CPI em ano eleitoral poderá partidarizar as investigações.
O senador e provável candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, no entanto, pensa diferente. Apesar das manifestações contrárias das duas lideranças de sua legenda, o senador tucano convocou os membros do chamado 'blocão', grupo de parlamentares descontentes com o governo federal, para apoiar o pedido, que fará na próxima terça-feira, 25, de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a compra de Pasadena.
Prefeito. No Congresso Estadual dos Municípios, José Serra disse que o cargo que mais gostou de ocupar na vida pública foi o de prefeito. "Como prefeito, o poder público é visível, neste sentido, é o cargo mais dedicado que tem. É mais fácil ser governador do que ser prefeito", destacou.
E frisou: "Eu posso dizer isso pela minha experiência", disse Serra, que já foi governador e prefeito de São Paulo e tentou, por duas vezes, sem êxito, a Presidência da República. Indagado sobre os planos para essas eleições, brincou: "Não sei, qual é o seu palpite?".
Em rápida entrevista que concedeu após proferir palestra no evento, Serra descartou que os problemas no abastecimento de água em São Paulo sejam decorrentes da falta de planejamento do governo estadual, do qual ele fez parte. "Não foi falta de planejamento, o que tem é uma seca que é a maior dos últimos 70 anos, mas a água continua chegando."
Ele acredita que as críticas dos adversários neste sentido ocorrem em função do ano eleitoral. "É normal, em campanha eleitoral qualquer coisa é explorada."
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