Daniela Lima, Gabriela Terenzi – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Pré-candidato à Presidência, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) vai convidar líderes de todos os partidos de oposição a discutir uma estratégia de atuação em bloco para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e investigar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobras.
Aécio quer articular a reunião até terça-feira. O senador pretende envolver siglas como o PSOL, que não se alinha com PT ou PSDB, e o PSB, que tem seu próprio candidato ao Planalto, o governador Eduardo Campos (PE).
Em conversa com a Folha ontem, Aécio defendeu a investigação —a presidente Dilma Rousseff, que era chefe do conselho da Petrobras na época da compra, disse ter decidido pela aquisição da refinaria com base em um relatório "falho". O negócio resultou em prejuízo de US$ 1,18 bilhão para a estatal.
Mas enquanto ele atua para convencer a oposição a defender a CPI em bloco, expoentes do próprio PSDB tratam com reserva uma investigação parlamentar.
Segundo "O Estado de S. Paulo", o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse anteontem que uma CPI em ano eleitoral poderia "partidarizar" a investigação.
Ontem, foi o ex-governador José Serra (SP) quem afirmou que a apuração não é "imprescindível". "Se houver boa investigação do Ministério Público, já é satisfatório", disse, durante o Congresso Estadual de Municípios, em Campos do Jordão (SP). "No ano eleitoral, CPI pode ser complicado, mas se for necessário, que se faça."
Para tucanos, a posição incisiva de Aécio se justifica por ser ele o nome do partido na disputa presidencial. O senador diz que não pretende explorar especificamente o caso Pasadena na propaganda eleitoral, mas que, dentro de um cenário mais amplo, é um exemplo da gestão Dilma.
"A presidente foi eleita com base em duas premissas: a de que daria continuidade aos resultados da economia e de que era uma boa gestora. A economia está aí, todo mundo vê, a inflação voltou...", analisou Aécio.
Na avaliação do tucano, a polêmica em torno da compra da refinaria de Pasadena, somada a resultados negativos do setor elétrico "desconstroem a imagem de gestora eficiente."
Outros adversários de Dilma —Campos e sua provável vice, a ex-senadora Marina Silva— falaram sobre o caso. Também em Campos do Jordão, Marina disse que é "inacreditável que se tenha tomado decisão com base em informações incompletas e que se use a incompletude das informações para justificar prejuízos dessa magnitude".
Ela não se posicionou sobre CPI, apenas pediu "maturidade" ao Congresso. Em discurso, elogiou Lula e FHC, diferenciando-os de Dilma. "Nas eleições de 2010, escutei um debate esquisito: era uma disputa entre dois gerentes [Dilma e Serra]. Eu dizia: está errado esse debate. O FHC não era gerente, era estrategista. O Lula não era gerente, era estrategista."
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